Rio de Janeiro e Brasília - O Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) elevou mais uma vez a estimativa para a safra 2009. Segundo o levantamento de março do instituto, a produção agrícola do país vai somar 136,4 milhões de toneladas. A projeção é 0,8% superior à de fevereiro, na segunda revisão consecutiva para cima na estimativa.
Apesar da queda prevista de 6,5% na safra ante o ano passado, a produção esperada será a segunda maior já registrada na história do país, perdendo apenas para 2008, quando a colheita atingiu 145,9 milhões de toneladas.
O gerente de agricultura do IBGE, Mauro Andreazzi, lembrou que a safra nacional só ultrapassou as 100 milhões de toneladas a partir de 2003 e a projeção atual, apesar da queda ante o ano anterior, aponta para uma produção ainda muito elevada. Ele admite, porém, que os altos custos reduziram o uso de adubos e tecnologia no campo e levaram a soja, principal cultura da safra brasileira, a uma queda estimada de 2,3% este ano em relação ao ano passado, para 58,47 milhões de toneladas.
O segundo principal produto da safra, o milho, também terá um recuo, de 12,6%. na colheita em 2009 (51,9 milhões de toneladas) ante o ano passado. Segundo Andreazzi, a safra dessa cultura está sendo afetada pela queda nos preços por causa do recuo na demanda internacional. O preço da saca de milho, que chegou a R$ 23 no ano passado, hoje não ultrapassa, segundo ele, R$ 17.
De acordo com Andreazzi, o algodão herbáceo foi a cultura agrícola que sofreu mais diretamente os efeitos da crise internacional e terá queda de 20% na produção em 2009 ante o ano passado, para 3,18 milhões de toneladas.
Área "congelada"
O ministro da Agricultura, Reinhold Stephanes, afirmou ontem que 67% da área brasileira está "congelada" para uso econômico tradicional, ou seja, está liberada apenas para o extrativismo ou para programas de biodiversidade. Segundo ele, outros 10% estão em "processo de congelamento", o que significa que sobra apenas 23% do território para ser ocupado pelo modelo agrícola tradicional.
O ministro fez a afirmação ao defender, em evento na sede da Organização das Cooperativas Brasileiras (OCB), uma reformulação do Código Florestal. Ele pediu para que os participantes da reunião, em geral representantes de cooperativas de produtores de leite, pressionem os parlamentares para que a discussão saia do papel.