| Foto: Fotos: Henry Milléo/ Gazeta do Povo

Safra registrou queda até agora

A safra 2013, que será colhida até o início da segunda quinzena de fevereiro, registrou queda na área em relação à temporada passada. De acordo com dados Secretaria Estadual da Agricultura e do Abastecimento (Seab), serão 6,1 mil hectares de parreirais neste ano, contra 6,5 mil hectares no ano passado (-7%).

Porém, a redução não é sinal de desaceleração do setor. Ao contrário. Segundo o engenheiro agrônomo da Seab Paulo Andrade, a área menor é sinal de que os produtores estão preocupados com o futuro da produção. "A redução é sinal de melhora dos parreirais. Muitos produtores derrubaram áreas antigas para renovar com tecnologia atualizada", diz.

Em Palmeira, nos Campos Gerais, a área de uva saltou de 14 hectares em 2007 para 41 nesta safra (+290%), na sua maioria formada por novos parreirais. O projeto da prefeitura da cidade, em parceria com a Emater e o Grupo Vinícola Famiglia Zanlorenzi, fortalece a cultura e valoriza a atividade dos antigos colonizadores italianos. "A uva era forte por aqui até a praga dizimar a terra na década de 1970. Nosso plano é resgatar a cultura e contribuir para o aumento da renda do produtor", diz o secretario de Agricultura de Palmeira, Nilton Antônio Wendler.

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O Paraná caminha para recuperar o posto de importante produtor de uva no cenário nacional, ocupado até a década de 1970, quando a doença pérola da terra atacou os parreirais e aniquilou a cultura. Cooperativas e empresas interessadas na matéria-prima, principalmente para produção de suco e vinho, estão desenvolvendo projetos de fomento à fruticultura.

"Esse trabalho é um resgate da atividade que existia no estado há 40 anos. Com base em outras experiências, [o projeto] precisa ser atrelado a empresas para garantir a liquidez e encorajar o produtor", diz o engenheiro agrônomo da Secretaria Estadual da Agricultura e do Abastecimento (Seab) Paulo Andrade.

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Um dos programas é capitaneado pelo Grupo Vinícola Famiglia Zanlorenzi, dono da marca Vinhos Campo Largo. Desde 2007, a empresa promove a produção de uva em municípios no raio de 100 quilômetros da fábrica instalada em Campo Largo, Região Metropolitana de Curitiba. A distância limite se deve à necessidade de o fruto ser processado no mesmo dia para não perder qualidade. Os produtores que aderem ao projeto recebem as mudas – que posteriormente são pagas com a própria uva –, assistência técnica e têm a garantia de compra da produção.

O propósito do projeto "Uva Nossa" é aumentar a produção de matéria-prima para diminuir a ociosidade da fábrica. Com potencial de transformar 800 mil quilos do fruto em cacho por safra, a indústria trabalha com um quarto da capacidade.

"A produção do Paraná é pequena. Queremos formar um polo aqui", ressalta o presidente do Grupo Zanlorenzi, Giorgeo Zanlorenzi.

No Norte do estado, a Corol, cooperativa de Rolândia, desenvolve um projeto similar. Iniciado em 2004, hoje conta com mais de 120 fruticultores que produzem mil toneladas por safra. Porém, em função do processo de fusão da Corol com a Cocamar, de Maringá, o futuro do projeto está indefinido.

"No momento, com a fusão em andamento, apenas estamos recebendo a produção de quem faz parte [do projeto]. Vamos aguardar o fim do processo. Mas existe potencial no estado, pois a terra e o clima favorecem", afirma Benno Roes, técnico da área de uva da Corol.

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Atraso

Apesar da garantia de compra, o preço pago pelas empresas não é certeza da entrega total da produção. Muitos fruticultores consideram o valor baixo – R$ 0,70 o quilo –, o que tem promovido a abertura de uma espécie de mercado paralelo.

Altair Rupel, de Palmeira, nos Campos Gerais, já comunicou a Vinícola Famiglia Zanlorenzi que só entregará o que sobrar da produção, caso sobre. Ele optou em vender a uva para pequenos produtores de vinho da região ao preço de R$ 2 o quilo ou produzir seu próprio suco da fruta, com o qual consegue R$ 5 pela garrafa de meio litro. "Eu estou vendendo direto para as pessoas que vêm até a propriedade. Ano passado entreguei 1 tonelada para a vinícola, mas este ano não garanti nada", diz Rupel. "Esse é um processo normal, a famosa lei da oferta e procura", rebate o presidente da Vinícola Zanlorenzi.