A Secretaria de Direito Econômico (SDE), órgão do governo federal ligado ao Ministério da Justiça, recebeu ontem documento que apresenta a intenção de compra da marca e das unidades fabris da empresa paranaense centenária Leão Júnior, dona da marca Matte Leão, pela americana Coca-Cola, por meio da razão social Recofarma Indústria de Alimentos. A compra precisa ser avaliada pelo governo porque, juntas, a Coca-Cola, parceira da Nestlé na marca Nestea, e a Matte-Leão terão 70% de participação no mercado.
O envio do documento significa que os sócios da empresa curitibana têm intenção de vendê-la. O negócio, pela análise que o mercado faz do últmo balanço da Leão Jr., deve envolver entre R$ 200 milhões e R$ 250 milhões. As duas empresas não se manifestaram.
A operação será analisada conjuntamente pela Secretaria de Acompanhamento Econômico (Seae), do Ministério da Fazenda. A avaliação envolve dados como concentração de mercado e faturamento, de forma a tirar um "raio-x" das empresas que propõem o negócio e avaliar seu impacto no mercado. O parecer será enviado ao Conselho Administrativo de Defesa Econômica (Cade), órgão de defesa da concorrência ligado ao Ministério da Justiça, no prazo de 120 dias, para um relatório final.
A compra deve envolver a marca e as fábricas da empresa, situada em Curitiba, uma unidade engarrafadora no Rio de Janeiro e uma unidade de extratos concentrados no interior do Paraná.
As Assembléias Ordinária e Extraordinária marcadas para ontem na sede da Leão Júnior, no bairro Rebouças, em Curitiba, serviriam para, além de debater o balanço publicado na semana passada e a destinação do lucro, votar mudanças nos Conselhos de Sócios e de Administração. A empresa não informou as alterações.
As transformações pelas quais a empresa passou nos últimos meses envolveram a profissionalização da gestão, com a contratação de diretores de fora da família, e a criação de uma nova holding, com a transferência de ativos entre empresas do grupo. Pela operação, investimentos da família Leão em florestas, agropecuária e mineração foram repassados à Serra da Graciosa Participações, e a holding Maria Clara Participações ficou com ativos não operacionais, processo que deixou futuros proprietários livres para adquirir somente o negócio principal.