São Paulo - A Chrysler, uma das maiores montadoras de automóveis dos Estados Unidos, poderá parar nas mãos dos trabalhadores do setor. Após a reestruturação da companhia, que passa por sérios problemas financeiros, o United Auto Workers (UAW), sindicato dos trabalhadores do setor automotivo nos EUA, pode ficar uma fatia majoritária na empresa 55% das ações. Esta possibilidade está prevista em um acordo alcançado entre a montadora e o UAW, informou o jornal "The Wall Street Journal" (WSJ), que teve acesso a um resumo do pacto.
O documento diz que a Fiat ficaria "eventualmente" com 35% da montadora, enquanto o governo dos Estados Unidos e os credores da companhia teriam, juntos, os 10% restantes. O UAW fará uma votação entre os trabalhadores da Chrysler para ratificar o acordo.
De certa forma, a Chrysler vai na mesma direção da General Motors, que na segunda-feira apresentou proposta de reestruturação em que o UAW e o governo dos EUA ficariam com 89% das ações da companhia.
Quanto à participação da Fiat, o investimento da montadora italiana poderia chegar a US$ 8 bilhões, de acordo com o documento, o que criaria quatro mil novos empregos sindicalizados nos EUA. A Fiat concordou em produzir pelo menos um carro pequeno em uma fábrica da Chrysler nos EUA.
Na segunda-feira à noite, representantes dos trabalhadores do UAW na Chrysler recomendaram que os membros do sindicato aprovem o acordo entre o sindicato e a montadora. O UAW espera que os funcionários da empresa aprovem o acordo até hoje.
Credores
Ontem, o "The Washington Post" e o WSJ informaram que Departamento do Tesouro dos EUA fechou um acordo com os credores da Chrysler para evitar que a montadora peça concordata.
Ambos os veículos disseram que tais credores concordaram reduzir a dívida da companhia para US$ 2 bilhões. A montadora tem dívida com um grupo de 45 bancos, fundos de hedge e outros credores no total de US$ 6,9 bilhões.
A fonte alertou, no entanto, que um pedido de concordata ainda é bastante possível por causa da incerteza sobre se todos os credores da montadora irão aceitar os termos. Se nem todos concordarem, o governo de Barack Obama deverá aplicar o que a fonte chamou de "concordata cirúrgica" para a Chrysler. "Eu quase sou capaz de apostar que não conseguiremos que todos os 46 bancos" apoiem o acordo, disse uma das fontes.
General Motors
A montadora americana General Motors (GM) informou que planeja fechar entre 1 mil e 1,2 mil lojas até o fim de 2009 para ajustar os estoques e fazer suas revendas serem mais lucrativas. A medida faz parte do plano de reestruturação da companhia, que tem até 1º de junho para apresentar seu projeto para o governo.
Até 2010, a GM planeja fechar 42% de suas lojas, reduzindo das atuais 6.246 revendas para até 3.605 concessionárias. Os números foram confirmados pela montadora.
Entre as medidas anunciadas ontem, a companhia divulgou que deve fechar 500 revendas das marcas Hummer e Saturn, além de unificar até 500 outras lojas. Com o fim da Pontiac (também anunciado na segunda-feira), a GM vai se desfazer de 27 concessionárias exclusivas da marca.
Projeção feita pela Associação Nacional de Concessionárias (Nada, na sigla em inglês) mostra que cerca de 137,3 mil pessoas perderão seus empregos, enquanto os governos estaduais deixarão de arrecadar US$ 1,7 bilhão de impostos com os fechamentos.