![Prospecto de IPO da Aramco sinaliza pico de demanda por petróleo até 2035 Aparelhos usados na extração de petróleo no campo offshore de Manifa, com operação da Aramco, na Arábia Saudita](https://media.gazetadopovo.com.br/2019/11/12165552/aramco-bg-fb568af0-0497-11ea-b17d-8b867891d39d-960x540.jpg)
A demanda global por petróleo poderá atingir um pico nos próximos 20 anos, de acordo com uma avaliação incluída no prospecto da oferta pública inicial (IPO) da Saudi Aramco. Considerada a maior petrolífera do mundo, a estatal saudita incluiu no documento a previsão de um consultor da indústria IHS Markit, que aponta chances de um pico de demanda por petróleo por volta de 2035 e que passaria a diminuir a partir de 2040.
Um segundo cenário divulgado no prospecto prevê uma transição mais rápida dos combustíveis fósseis, levando o pico de demanda para o final da década de 2020.
Embora a companhia não apoie explicitamente essas previsões de procura pela commodity, os diretores da empresa acreditam que os dados fornecidos pelo consultor são "confiáveis", o que fez com que sua inclusão no documento de 658 páginas chamasse a atenção de investidores em todo o mundo: indica que as opiniões das autoridades sauditas sobre o futuro do setor energético podem estar mudando.
Em fevereiro, o CEO da Aramco, Amin Nasser, descartou preocupações com o aparecimento de alternativas ao petróleo (classificadas por ele como "não baseadas na lógica e nos fatos") e disse que elas surgiram "principalmente em resposta a pressões e exageros". Um ano antes, em um evento da indústria em Houston, ele afirmou que "não estava perdendo o sono devido ao pico de demanda". O ministro do Petróleo da Arábia Saudita, Khalid Al-Falih, foi igualmente desdenhoso em 2017 ao dizer que as conversas entre executivos, analistas e ativistas de energia estavam "equivocadas".
Agora, no prospecto de sua IPO, a Aramco reconhece que as políticas de mudança climática "podem reduzir a demanda global por hidrocarbonetos e impulsionar a mudança para combustíveis fósseis com menor intensidade de carbono, como gás ou fontes alternativas de energia". A pressão social para reduzir a poluição e as emissões de carbono "já levou a uma variedade de ações que visam reduzir o uso de combustíveis fósseis", destaca o documento.
As novas previsões da Aramco apresentam um futuro de prazo mais longo se comparadas àquelas que a companhia forneceu em abril. Há pouco mais de seis meses, a empresa dava aos investidores uma visão do mercado de petróleo até 2030 e não forneceu qualquer indicação de pico de demanda ; agora, fornece uma perspectiva até 2050 além dos cenários da IHS Markit.
Cenário
Grandes empresas europeias como a Shell já declararam preocupações com o pico da demanda por petróleo. Ainda assim, a Aramco pode se consolar com o fato de que, como uma das produtoras de menor custo, sua participação no mercado pode aumentar à medida que a demanda cai. Mesmo em um caso de baixa, com um eventual pico de demanda no final da década de 2020, a participação de mercado da Arábia Saudita pode aumentar de 15% a 20% até 2050, de acordo com o prospecto.
Estimativas também mostram que as reservas do país poderão sustentar a produção nas próximas décadas à medida que a empresa melhore a exploração dos campos. A companhia poderá continuar extraindo até 11 milhões de barris de petróleo bruto e condensado por dia até a década de 2030, e possivelmente subir para 13 milhões de barris por dia na década de 2040, segundo analistas da consultoria Sanford C. Bernstein.
O documento também fornece informações sem precedentes sobre o desempenho financeiro, a estratégia e os riscos comerciais da petrolífera saudita, à medida que o maior produtor mundial de petróleo se prepara para sua primeira venda de ações, no início de dezembro. O governo saudita ainda não informou quantas ações planeja vender, tampouco a faixa de preço indicativa dos papéis.
O príncipe herdeiro saudita Mohammed bin Salman afirmou anteriormente que a Aramco deve ser avaliada em US$ 2 trilhões, mas banqueiros que tentaram avaliar a empresa sugeriram que ela pode valer entre US$ 1,1 trilhão e US$ 2,5 trilhões. Os investidores começarão a licitar a compra de ações da companhia petrolífera em 17 de novembro.
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