O protecionismo argentino já custou pelo menos US$ 1 bilhão às empresas prejudicadas pelas licenças não automáticas, segundo reportagem publicada pelo jornal O Estado de S.Paulo. As vendas dos setores afetados caíram 45% depois da adoção das licenças, de US$ 2,15 bilhão para US$ 1,18 bilhão, de acordo com a Federação das Indústrias do Estado de São Paulo (Fiesp).
O levantamento considerou apenas os 343 itens sujeitos à aprovação manual para entrada na Argentina até o fim de 2010. Neste ano, o governo de Cristina Kirchner incluiu mais 180 produtos no sistema. O licenciamento não automático é permitido pelas regras internacionais, mas os argentinos demoram mais que o limite de 60 dias previsto.
De acordo com o jornal, as empresas brasileiras acreditam que o governo está sendo tolerante com a Argentina por causa da proximidade das eleições presidenciais no país vizinho, em outubro. Após retaliar a Argentina com a adoção de licenças para a entrada de automóveis, o que foi considerado um "tiro de canhão", o governo Dilma teria mudado de postura por recomendação do Itamaraty. "O governo brasileiro está sendo tolerante. Os argentinos estão abusando e desviando comércio para terceiros países. O que eles ganham com isso? É o fim da picada", disse ao jornal paulista Paulo Skaf, presidente da Fiesp.
O setor que sofreu o maior prejuízo foi o de máquinas e equipamentos. As exportações dos fabricantes brasileiros para a Argentina caíram 79%, de US$ 318 milhões nos 18 meses anteriores à adoção das licenças para US$ 65 milhões nos 18 meses posteriores. Também sofreram perdas significativas em suas vendas na mesma comparação os setores têxtil (US$ 151,14 milhões a menos de exportação), autopeças (US$ 161,6 milhões), eletrônicos (US$ 113 milhões), pneus (US$ 120 milhões) e calçados (US$ 64 milhões).
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