• Carregando...
Clínica fechada na Avenida das Torres, em Curitiba: AMP fala em 90% de adesão | Antônio More/ Gazeta do Povo
Clínica fechada na Avenida das Torres, em Curitiba: AMP fala em 90% de adesão| Foto: Antônio More/ Gazeta do Povo

Brasília

Entidades entregam nota a ministro

Entidades representativas da classe médica entregaram ontem um documento ao ministro da Saúde, Alexandre Padilha, em que reclamam da atuação dos planos e pedem a intermediação da ANS para resolver os problemas entre os dois lados. Segundo as entidades, nos últimos 12 anos a inflação acumulada chegou a 120% e os reajustes dos planos somaram 150%, mas o reajuste dos honorários médicos não chegou a 50%.

Agência O Globo

Norma sobre tempo de atendimento é adiada

A Resolução Normativa n.° 259, que estipula o tempo máximo para o atendimento por parte dos planos de saúde segundo especialidade e empreendimento e entraria em vigor na primeira quinzena deste mês, foi adiada por 90 dias pela própria Agência Nacional de Saúde Suplementar (ANS). As novas regras passam a valer somente a partir de 19 de dezembro de 2011. A coordenadora do Procon-PR, Claudia Silvano, manifestou sua preocupação pelo adiamento da norma, lembrando que a demora no atendimento pode resultar em danos, algumas vezes irreversíveis.

Pela RN 259, a espera para consultas com especialistas de pediatria, clínica médica, cirurgia geral, ginecologia e obstetrícia não poderá ser superior a sete dias. Para as outras especialidades, o prazo máximo é de até 14 dias. No caso de consultas e sessões com fonoaudiólogos, nutricionistas, psicólogos, terapeutas educacionais e fisioterapeutas, o tempo limite é até 10 dias.

Exames para diagnóstico por laboratório de análises clínicas deverão ser agendados em até três dias, e os procedimentos de maior complexidade, como tomografia e ressonância magnética, em até 21 dias. (FZM)

Operadoras não falam sobre negociações

A Associação Brasileira de Medicina de Grupo (Abramge), que representa 34% do mercado nacional, disse que não faz parte de suas atribuições discutir remuneração a prestadores de serviços e não comentou a paralisação. A Federação Nacional de Saúde (Fe­­naSaúde), com 33% do mercado, aposta na discussão de sua proposta apresentada ontem – dividir o rol de procedimentos obrigatórios da ANS em 100 grupos com valores a serem negociados entre cada operadora e prestador de serviço.

Já a Unidas, com 16% do mercado brasileiro e mais de 20 operadoras no Paraná, disse que continua em negociação, de forma regionalizada, com os médicos. Sua última proposta no Paraná, recusada pela categoria, foi de R$ 54, em média, por consulta a partir de julho, e R$ 60, em média, a partir de janeiro de 2012. A Unidas também informou desconhecer descredenciamento de suas operadoras, mas ainda neste mês a Fundação Copel, que faz parte do quadro regional da associação, comunicou, por meio do site, 32 desligamentos em agosto.

De forma geral, as operadoras têm evitado se manifestar sobre as negociações em andamento e os valores propostos. Segundo a Comissão Estadual de Honorários Médicos, as melhores ofertas chegaram a R$ 55 por consulta. (FZM)

O boicote dos médicos aos planos de saúde, realizado ontem, não teve adesão total da categoria em Curitiba e não chegou a afetar a rotina dos serviços de urgência e emergência dos principais hospitais que atendem planos na capital paranaense. Nacionalmente, segundo a Associação Médica Brasileira, 23 estados e o Distrito Federal participaram da paralisação: em nove, entre eles o Paraná, todas as operadoras regionais foram atingidas; em 15 estados, planos específicos foram escolhidos como alvo. Por aqui, a única exceção ficou com as 22 Unimeds do estado, que, por pertencerem aos próprios médicos, terão outro tipo de negociação, por meio de assembleias internas que ainda não foram convocadas pela categoria.

Na terça-feira, véspera da suspensão, representantes da Amil, Fundação Copel e Furnas procuraram a Comissão Estadual de Honorários Médicos, que inclui representantes da Associação Médica do Paraná (AMP), Conselho Regional de Medicina (CRM-PR) e Sindicato dos Médicos (Simepar), retomando as negociações, mas sem nenhum resultado concreto. A primeira paralisação deste tipo ocorreu em 7 de abril. Nos últimos seis meses, a estimativa da AMP é de que 2 mil médicos tenham deixado um ou mais planos de saúde no estado. As entidades alegam que, enquanto o faturamento das operadoras subiu 49% desde 2006, no mesmo período o número de clientes de planos cresceu 21% e o reajuste no valor médio das consultas não passou de 21%.

Adesão

A AMB fala em 80% de adesão dos cerca de 330 mil médicos do país. A AMP estima que 90% dos quase 11 mil médicos do estado que atendem planos tenham participado. De mais de 30 consultórios e clínicas procurados, aleatoriamente, pela Gazeta do Povo, ontem, no entanto, 19 estavam atendendo normalmente os convênios e apenas nove tinham remarcado consultas e estavam atendendo os pacientes particulares – seis consultórios não atenderam ao telefone. Os médicos que estavam trabalhando não quiseram falar com a reportagem.

A paralisação também não chegou a afetar os atendimentos de urgência e emergência dos principais hospitais que atendem planos de saúde de Curitiba. Nos hospitais Vita, Santa Cruz, Evangélico, São Vicente e Cajuru o número de pacientes durante o dia ficou dentro da média.

Algumas especialidades agiram de forma mais articulada. Entre os endocrinologistas, cerca de 50% dos 165 atuantes em Curitiba aderiram à paralisação, segundo a presidente da sociedade paranaense da especialidade, Gisah Amaral de Carvalho. Cerca de 80% das clínicas de fraturas da cidade também fecharam. "Além do reajuste, pedimos menos interferência dos convênios nas nossas requisições de exames, próteses e órteses", diz o vice-presidente da Sociedade Brasileira de Ortopedia e Traumatologia do Paraná, Marco Antônio Pedroni.

Colaborou Ana Carolina Nery

Serviço

Dúvidas e reclamações podem ser feitas pelo Disque ANS (0800-7019656). A Promotoria de Defesa do Consumidor de Curitiba, do Ministério Público do Paraná, pede que qualquer cobrança indevida por parte dos médicos ou outra irregularidade seja comunicada: (41) 3250-4912, consumidor@mp.pr.gov.br ou pessoalmente, na Avenida Marechal Floriano Peixoto, 1.251, Curitiba.

0 COMENTÁRIO(S)
Deixe sua opinião
Use este espaço apenas para a comunicação de erros

Máximo de 700 caracteres [0]