Um protesto do Sindicato dos Vigilantes de Curitiba e Região fecha agências bancárias na capital paranaense nesta segunda-feira (14). A Caixa Econômica Federal já confirmou que a maioria das agências da instituição estão fechadas para atendimento ao público em Curitiba. O banco relata que há uma exigência legal de vigilância, e que, pela falta de agentes, precisou fechar as portas das agências.
"Eu acho que toda a categoria tem o direito de protestar quando não está satisfeita. Certamente o objetivo dos vigilantes não é prejudicar os cidadãos, mas reivindicar os seus direitos e nós não vamos morrer por causa de um dia com o banco fechado", afirmou a gerente de empresa Marianna Rodrigues, que precisava fazer alguns pagamentos bancários e encontrou as duas agências que precisava do Bradesco e da Caixa fechadas.
Para Tatiane Barth, que tinha horário agendado na Agência da Caixa, na Praça Carlos Gomes, a população é sempre a maior prejudicada no caso das paralisações. "Eu não acho certo. Posso perder um negócio porque não sei se vou conseguir fazer a transferência dentro do prazo", protestou.
Leitores da Gazeta do Povo se manifestam no Facebook e relatam que bancos em outras regiões da cidade também estão fechados. O leitor Geraldo Silva diz que o banco Itaú no bairro Cajuru está fechado. Já a leitora Mariana Francoski registra que uma agência do Santander está fechada na Cidade Industrial de Curitiba.
O Bradesco informou, via assessoria, que o banco não irá comentar o assunto, e não repassou informações sobre dificuldades enfrentadas pelos clientes da instituição financeira.
Já o HSBC informou em nota que as operações em algumas agências poderão sofrer impacto, e que está trabalhando para normalizar o atendimento aos clientes. A entidade não cita o número de agências afetadas.
A reportagem entrou em contato com a assessoria de imprensa do Banco do Brasil, do HSBC, do Itaú e do Santander, e aguarda retorno para saber se os clientes de cada entidade enfrentam dificuldade para encontrar agências abertas nesta segunda (14).
A entidade sindical que organiza a manifestação não tem informações sobre o número de agências bancárias fechadas.
Já nos Correios, segundo a assessoria, os vigilantes que atuam nas agências que possuem serviço de segurança privada não aderiram ao movimento. A empresa relata que não há influência no atendimento, que ocorre normalmente nesta segunda (14).
A manifestação
Um grupo de aproximadamente 300 pessoas se dividiu em três equipes e passou por agências bancárias e outros locais nos quais trabalham seguranças privados. O objetivo é convencer os vigilantes a cruzarem os braços por um dia. A ação dos manifestantes ocorre principalmente Centro da capital.
Segundo o representante conselheiro do Sindicato dos Vigilantes de Curitiba e Região, João Carlos dos Santos, a ideia da manifestação é mobilizar a categoria e chamar a atenção da sociedade para os riscos a que estão sujeitos os vigilantes. "Estamos passando em diversos locais aqui no Centro onde sabemos que há postos de vigilantes para sensibilizar os profissionais a aderirem à manifestação. Muitos estão deixando o trabalho e se juntando a nós". Santos afirma que, de forma geral, quando há a oportunidade de conversar com as pessoas elas reconhecem o direito dos profissionais ao adicional de periculosidade de 30% pois sabem que os riscos são grandes.
A manifestação desta segunda (14) ocorre porque os vigilantes reivindicam o pagamento de um adicional de 30% para compensar os riscos da profissão (adicional de periculosidade). No último dia 10 de dezembro, foi publicada em Diário Oficial a sanção da Lei Federal 12.740 de 2012, que prevê que as empresas precisam pagar 30% além do salário para compensar os riscos envolvidos na profissão.
No Paraná, as empresas já fazem um pagamento de 15,5% além dos salários. Para cumprir a nova lei, elas precisam fazer um incremento no bônus, para chegar aos 30% obrigatórios. O piso salarial dos vigilantes paranaenses é de R$ 1.140. O adicional de periculosidade ficaria, com a nova lei, em torno de R$ 340. Segundo o sindicato dos vigilantes, a quitação do novo benefício deveria ter sido feito pela primeira vez neste início de janeiro, o que não ocorreu.
Outro lado
O Sindicato das Empresas de Segurança Privada do Paraná (Sindesp-PR), no entanto, nega que tem a obrigação de fazer o pagamento, já que ainda não houve regulamentação do benefício.
Em nota, a entidade divulgou que "o pagamento de adicional de periculosidade ao trabalhador exposto a roubos ou outras espécies de violência física nas atividades profissionais, só acontecerá após a efetiva regulamentação aprovada pelo Ministério do Trabalho e Emprego, como previsto na mencionada Lei".
Vigilantes realizam protesto em Curitiba