As manifestações populares que se espalham pelo país, principalmente contra o aumento das tarifas de transporte público e o dinheiro aplicado nas obras voltadas à Copa do Mundo, e seus possíveis efeitos sobre a economia doméstica estão ganhando espaço nos relatórios econômicos do mercado financeiro.
O Deutsche Bank alertou na semana passada para o risco de que os protestos resultem em futuras "restrições" para a política econômica, citando, por exemplo, impactos sobre a inflação e as contas públicas.
"Em nossa opinião, há o risco de que esses movimentos possam impor futuras restrições para as políticas econômicas. O preço do combustível doméstico, por exemplo, está amplamente defasado em relação aos preços internacionais, mas é improvável que o governo promova elevações, dado o potencial efeito sobre os transporte público e sobre a inflação", disseram os economistas do Deutsche.
Além disso, segundo a instituição, com o movimento, o governo poderia ser instigado a adotar medidas populistas para apaziguar a opinião pública, o que aumentaria o tamanho do déficit. "O sentimento de hostilidade também poderia se voltar contra o Banco Central, que deveria continuar elevando o juro como o mercado está precificando", avalia o banco.
O Itaú BBA, por sua vez, sugeriu aos investidores que diminuam sua exposição em empresas estatais que prestam serviços públicos, como Cemig, Copel, Cesp e a Sabesp. Embora ponderem que seja difícil medir o potencial impacto das manifestações, os analistas lembraram que os políticos brasileiros demonstram desconforto em adotar medidas impopulares, como reajustes tarifários, sobretudo por causa da proximidade das eleições para presidência e para os governos estaduais em 2014.
"Nesse cenário, nossa única convicção é que o aumento da tarifa de energia no curto prazo será evitada, significando que a bola de neve do custo da energia vai comprometer as contas do governo (através de mais subsídios) ou o balanço das empresas", escreveram, em relatório, economistas da instituição.
A tese do Itaú BBA já se confirmou na prática. O governador do Paraná, Beto Richa, solicitou à Copel que não aplicasse o reajuste tarifário médio de 14,61% autorizado pela agência reguladora.
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