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Milhares de pessoas foram às ruas nesta sexta-feira (18) em Antenas para os primeiros protestos populares contra as medidas de austeridade desde a posse do novo primeiro-ministro do país, Lucas Papademos. As manifestações, convocadas pelos dois maiores sindicatos gregos, tinham como objetivo advertir o novo gabinete para que não adote mais nenhum plano de rigor no país, mas perderam intensidade depois da crise política que resultou em ameaças de exclusão da Grécia da zona do euro.

Os protestos de hoje foram realizados no dia em que se celebra o levante estudantil de 1973 contra o regime militar que governou o país entre 1967 e 1974. Entre as palavras de ordem, estiveram o já tradicional "Fora FMI", mas também "Fora União Europeia". A Grécia chegou a ser correr o risco de ser obrigada a abandonar a zona do euro - e por consequência a UE - quando o então primeiro-ministro, George Papandreou, decidiu convocar um referendo para deliberar sobre o último plano de socorro ao país avaliado em € 130 bilhões, e que resultará no calote parcial de 50% da dívida pública.

Coincidência ou não, a intensidade dos protestos caiu. Se nas últimas greves gerais, realizadas em outubro e novembro, a praça central de Atenas foi transformada em campo de batalha entre a polícia e os manifestantes, hoje houve poucos enfrentamentos. Houve disparos de bombas de gás lacrimogêneo contra manifestantes que atiravam pedras nas tropas de choque ou queimavam lixeiras no caminho a passeata. O Ministério do Interior mobilizou 7 mil agentes para controlar a multidão, mas o número de pessoas também caiu - os números variaram entre 7 mil, segundo as autoridades, e 27 mil, segundo os organizadores.

Enquanto os manifestantes voltavam às ruas, o gabinete de Papademos buscava acordos sobre a aplicação do plano de austeridade. Fortalecido pelo voto de confiança de 255 dos 300 deputados, aprovado na quarta-feira, Papademos tem como primeiro desafio chegar a um acordo com o sistema financeiro sobre as modalidades do corte da dívida, que deve recuar de 160% a 120% do Produto Interno Bruto (PIB) até 2020. As discussões vêm sendo comandadas pelo ministro da Economia, Evangelos Venizelos, e pelo presidente da Agência de Gestão da Dívida Pública (PDMA), Petros Christodoulou. Os bancos são representados pelo Instituto Internacional de Finanças (IIF), dirigido por Charles Dallara.

A proposta inicial da Grécia prevê a troca de um total de € 200 bilhões em títulos soberanos gregos, com desconto de 50%. Segundo o jornal Kathimerini, para cada obrigação atual com valor de € 100 seria emitido um novo título, com valor de € 40, € 35 ou € 30. A diferença até os 50% seria saldada em dinheiro no vencimento da obrigação antiga. Já o IIF proporia, entre outras alternativas, o desconto de 50% sobre um total de € 141 bilhões em dívidas, por meio da troca dos papeis antigos por novos com validade de 22 anos e juros de 7%. No total, o corte oferecido pelos credores chegaria a € 94,5 bilhões.

Além de buscar o acordo com os bancos o, o governo de Papademos precisa encontrar novas fontes de receita para cumprir as metas de déficits acertadas com a UE. O desafio ficou ainda maior depois que a previsão de receitas com as privatizações caiu hoje de € 5 bilhões para € 1,3 bilhão em 2011. Do cumprimento de metas de redução do déficit depende a liberação de € 8 bilhões em empréstimos de Bruxelas e do FMI, que precisam ser transferidos para Atenas até 15 de dezembro. Do contrário, o país pode entrar em moratória.

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