Prudentópolis Os pequenos agricultores de Prudentópolis (Centro-Sul) sofreram perdas de 70% na safra do feijão das águas devido às chuvas do final de dezembro. Desestimulados, eles fizeram uma carta de reivindicações ao governo federal e estadual para tomar fôlego para a safrinha, que começa a ser plantada no final deste mês.
A crise que atinge os 8 mil produtores responsáveis por 10% da produção nacional de feijão preto afetou inclusive o comércio do município, que teve redução de 50% nas consultas ao serviço de proteção ao crédito em dezembro.
Segundo o secretário municipal de Agricultura, Dionízio Demétrio Ternoski, o setor enfrenta a pior crise dos últimos anos. Números da Secretaria de Estado da Agricultura e Abastecimento (Seab) mostram que, desde 2004, a agricultura familiar do município perdeu 1.050.166 sacas de feijão, sendo 174 mil sacas apenas na safra normal de 2006/2007. Calculadas sobre o valor da safra passada, as perdas chegam a R$ 45 milhões.
As condições climáticas desfavoráveis, a queda do preço da saca de 60 quilos e a entrada de grandes produtores no setor contribuíram para a crise local. Na safra 2005/2006, o preço máximo do feijão foi de R$ 90. Neste ano, a cotação caiu para R$ 35. "A entrada do feijão argentino no Brasil e o inchaço do mercado com a inserção dos grandes produtores acabou derrubando o preço", afirma Ternoski.
Um exemplo do prejuízo pode ser visto em estradas vicinais de Prudentópolis. Montes de sacos foram simplesmente abandonados. "Devem ser de algum produtor revoltado, que não conseguiu vender seu feijão na cidade", observa o secretário de Agricultura.
Na primeira quinzena de setembro a região sofreu com a geada tardia, que comprometeu a safra do feijão das secas. Os produtores adiaram o plantio do feijão das águas em 20 dias. Como o período entre o plantio e a colheita varia de 90 a 110 dias, a produção seria colhida no início de janeiro. "As chuvas castigaram, principalmente, na última semana de dezembro", lembra o secretário. Os pés apodreceram.
O pequeno produtor Márcio Antônio plantou uma área de quatro alqueires e esperava colher 300 sacas neste mês. Sem dinheiro devido às perdas com a safra anterior, ele fez um trabalho extra e ganhou cerca de R$ 2 mil, o suficiente para providenciar a colheita manual da sua lavoura. Ele aproveitou a trégua da chuva, nos últimos dias de dezembro, e colheu o feijão. Um dia depois, veio a chuva. O feijão, que ainda não havia sido batido, umedeceu e foi tomado por fungos. "Perdi 100% da produção", resumiu o lavrador, que pôs fogo em toda a produção.
"Nós temos medo que os pequenos agricultores deixem o campo ou engrossem o movimento sem-terra", diz o secretário Ternoski.
A economia de Prudentópolis se baseia na agricultura. Dos 46.323 habitantes, 60,64% vivem na área rural. A zona urbana depende da sorte dos que estão no campo. Dos 3,5 mil trabalhadores com carteira assinada, 1,3 mil trabalham no setor de serviços. De acordo com o economista e presidente da Associação Comercial e Empresarial de Prudentópolis, Paulo Orestes Ostapiv, o reflexo das perdas na agricultura pode ser comprovado nas ruas, com lojas praticamente vazias. Só a pequena minoria que trabalha em órgãos públicos está à salvo, avalia.
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