Partido vai alegar que Campos Neto age politicamente e sem independência do cargo.| Foto: André Borges/EFE
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A executiva nacional do PT vai acionar na Justiça o presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto, por ter participado de um evento promovido pelo governador Tarcísio de Freitas (Republicanos-SP), na semana passada. A ação civil pública será protocolada nesta quarta (19), mesmo dia em que a autarquia vai divulgar a atualização da taxa básica de juros.

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Campos Neto voltou à mira do governo, petistas e aliados após participar do evento de Freitas, e foi acusado pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) de agir politicamente ao conduzir as reuniões do Comitê de Política Monetária (Copom). Para ele, é o presidente do BC quem decide se a taxa de juros sobe ou desce – o que, diz, prejudica diretamente o desenvolvimento da economia do país.

A ação civil pública do PT contra Campos Neto foi decidida pela executiva do partido na última segunda (17) e assinada por quase toda a bancada na Câmara. De acordo com o deputado federal Tadeu Veneri (PT-PR), há uma grande contradição na atuação do presidente do Banco Central.

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“Por um lado, é contraditório que um presidente do Banco Central independente vá até São Paulo, se reúna com o governador do estado e faça uma série de afirmações políticas, como ser ministro. E também há uma contradição na própria composição da taxa de juros, em que não há uma sinalização real de problemas na economia”, disse à Gazeta do Povo.

Para Veneri, índices econômicos como o desemprego a 7,5% e a inflação dentro da meta não justificam a manutenção da Selic em 10,5% com possibilidade de não ocorrerem mais cortes ainda neste ano. Esta é a previsão de agentes do mercado financeiro ouvidos pelo Relatório Focus divulgado na segunda (17).

O deputado afirma que essa posição reafirma a atuação política do Banco Central. Essa ação popular, diz, é embasada em investigações que foram solicitadas através do ICL (Instituto Conhecimento Liberta), ligado a entidades sindicais, em cima das expectativas apuradas pela autarquia junto ao mercado financeiro para justificar as decisões sobre a Selic.

Tadeu Veneri afirma que as apurações do Relatório Focus não explicam quais foram as instituições financeiras que indicaram uma expectativa menor ou maior de inflação, e muitas vezes a nota de apenas uma mais alta atinge todas as outras menores.

“Não pode fazer esse tipo de mexida simplesmente para especular, e o Campos Neto hoje passou a ser um grande especulador do próprio mercado financeiro, e isso mexe profundamente com toda a economia”, disparou o parlamentar ressaltando que a ação popular está pronta e será protocolada ainda à tarde, provavelmente próximo à divulgação da atualização da taxa básica de juros.

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A possibilidade de manter a Selic em 10,5% abriu a artilharia do governo e de aliados, como do senador Jaques Wagner (PT-BA), que disse que a autarquia faz uma “política claramente contracionista”.

Lula foi mais duro e afirmou que o Banco Central é “uma coisa desajustada” e que Campos Neto “não demonstra nenhuma capacidade de autonomia”. “Tem lado político e que, na minha  opinião trabalha muito mais para prejudicar o país do que ajudar, porque não tem explicação a taxa de juros do jeito que está”, pontuou.

Além de acionar Campos Neto na Justiça, o PT também deve reforçar a crítica ao Banco Central após o anúncio da taxa de juros, no final da tarde. A presidente nacional do partido, Gleisi Hoffmann, agendou uma live com o presidente do IBGE, Marcio Pochmann, para discutir “a nova realidade brasileira e seus desafios”.

Uma nota divulgada pelo partido na última segunda (17) classificou a atuação do Banco Central “movida pela direção bolsonarista” como “escancarada sabotagem ao crédito, ao investimento e às contas públicas”.

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