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Comércio exterior

Quais países o Paraná está ignorando?

Há oportunidade de venda de frango para Ásia e Oceania | Jonathan Campos/ Gazeta do Povo
Há oportunidade de venda de frango para Ásia e Oceania (Foto: Jonathan Campos/ Gazeta do Povo)

Em que países os produtos do Paraná ainda não chegaram ou estão pouco presentes? É esta pergunta que um estudo da Agência Brasileira de Promoção de Exportações e Investimentos (ApexBrasil) procura responder. A pesquisa, que levantou a evolução do comércio internacional do estado nos últimos anos e analisou as demandas mundiais, aponta quais destinos têm maior potencial de crescimento para a pauta de exportação paranaense. O estudo indica não só países já atendidos e com potencial para "aumentar as encomendas paranaenses" – como China e Japão –, mas também regiões pouco exploradas e que, sabidamente, apresentam demanda pelo que é feito aqui.

O Peru, por exemplo, é o terceiro maior mercado mundial para o óleo de soja, mas ainda não compra do Brasil. A Alemanha, um dos maiores processadores e geradores de divisas do café no mundo, importa apenas 5,7% do produto do Brasil. Compra também a carne de frango brasileira, mas apenas 10,4% da sua demanda – a maior parte vem da Holanda (46,1%). Na Ásia, o Japão, bem atendido pelo frango brasileiro, que atende mais de 90% da sua demanda por esse tipo de carne, é considerado um dos maiores mercados mundiais para madeira compensada, mas ainda não importa nada daqui (saiba quais são os três maiores mercados para cada um dos principais produtos paranaenses no gráfico desta página).

Quadro atual

As oportunidades são identificadas a partir de um diagnóstico que usou como base dados 2010. De maneira geral, o estado exporta hoje principalmente produtos primários – como soja em grão – e intensivos em recursos naturais – como açúcar e farelo de soja. Os produtos com maior participação na pauta paranaense de exportações são a soja em grão, a carne de frango e os automóveis.

No ranking dos principais destinos, a China passou de quarto colocado, em 2005, para primeiro em 2010, principalmente em produtos primários. Em direção oposta, houve redução do valor exportado para os Estados Unidos, que passaram da primeira posição para a quinta no mesmo período, e hoje são o maior concorrente do Brasil nas exportações para a Ásia e a Europa.

Mãos à obra

Para o coordenador da Unidade de Inteligência Comercial e Competitiva da ApexBrasil, departamento responsável pelo estudo, Marcos Tadeu Caputi Lélis, os dados servem de estímulo para o despertar de novos horizontes para o governo e as empresas brasileiras. Isso não significa, porém, que basta colocar o documento debaixo do braço e sair mundo afora para conseguir novos negócios. "A primeira recomendação, para as empresas que ainda não exportam ou mesmo começaram com a atividade há pouco tempo, é começar com mercados mais próximos, como os países da América do Sul. Isso ajudará na obtenção do entendimento sobre as atividades do comércio exterior e também na construção de uma credibilidade como fator importante para galgar novos mercados depois".

Exportação pede mais valor agregado e equilíbrio de divisas

Ainda que a pesquisa da ApexBrasil aponte os caminhos possíveis para os diversos produtos paranaenses, o chefe do Departamento Econômico da Federação das Indústrias do Paraná (Fiep), Maurílio Schimidt, lembra que é importante combinar as oportunidades com o potencial de desenvolvimento tecnológico do estado. "Não basta exportar por exportar, é preciso agregar valor para não enviar para fora, junto com nossos produtos, nossos empregos de maior renda e nossas chances de desenvolvimento", adverte. Para ele, o desempenho da balança comercial do Paraná e os produtos que predominam na pauta do estado demonstram o quanto o país está perdendo em desenvolvimento tecnológico e produtos de maior valor agregado.

"Em 1996, antes da implementação da Lei Kandir, que acabou com a incidência do ICMS sobre os produtos destinados à exportação, o Paraná mandava para fora 1,5 milhão de toneladas de soja. Dois anos depois, essa quantidade saltou para 5 bilhões de toneladas, sem que a produção acompanhasse o mesmo ritmo."

Mais recentemente, o pesquisador aponta uma intensificação da tendência exportadora de produtos básicos. "Há alguns anos, os manufaturados representavam 57,31% da pauta paranaense, em 2011 houve um declínio para 38,20%. Em contrapartida, os produtos básicos elevaram a participação relativa de 29,30% para 45,72%. Evidentemente, os chineses estão felizes da vida."

Além da soja, Schimidt adverte que mesmo entre os produtos manufaturados há desequilíbrio de divisas de comércio exterior. "Embora o gênero de materiais de transporte, que inclui carros, caminhões, autopeças etc, seja uma dos mais importantes na pauta de exportações do Paraná, com US$ 1,260 bilhões até agosto de 2012 em mercadoria enviadas ao exterior, ele também é responsável pela importação de US$ 2,630 bilhões no mesmo período. Ou seja, é um gênero consumidor de divisas, com acúmulo negativo de US$ 1,370 bilhão. Isso ocorre porque o setor industrial nacional desse gênero precisa incorporar um conteúdo tecnológico que vem de fora". Buscar mercados mais sofisticados, como Estados Unidos e Europa, antes de resolver essa equação desequilibraria ainda mais as divisas do setor.

Por outro lado, entre os principais produtos da pauta do estado com potencial mais aflorado para agregar valor e se industrializar mais, Schimidt aponta os segmentos de papel e celulose, de açúcar e preparação alimentícia. "No último caso, por exemplo, temos técnicas de conservação originais – a França, por exemplo, aceita muito bem os nossos produtos pré-cozidos e embalados a vácuo – combinadas a uma capacidade enorme de produção da matéria prima, o alimento".

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