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Comportamento

Qual a importância do dinheiro?

Cristina Horiuchi, durante a Expomoney, que ocorreu na última semana em Curitiba: “já fui muito gananciosa, o que me atrapalhou muito. Hoje, entrei em um equilíbrio.” | Ivonaldo Alexandre/ Gazeta do Povo
Cristina Horiuchi, durante a Expomoney, que ocorreu na última semana em Curitiba: “já fui muito gananciosa, o que me atrapalhou muito. Hoje, entrei em um equilíbrio.” (Foto: Ivonaldo Alexandre/ Gazeta do Povo)
Veja qual a importância do dinheiro na vida de pessoas que trabalham com ele |

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Veja qual a importância do dinheiro na vida de pessoas que trabalham com ele

Há pouco mais de um ano, o economista inglês Mark Boley, de 30 anos, vive sem dinheiro. Cansado do "destrutivo sistema capitalista", se desfez de todos os seus bens e passou a viver em um trailer, se alimentar do que encontra na mata e tomar banho com sabonete feito por ele com cartilagem de peixe e sementes de erva doce. Boley é uma curiosa exceção em uma sociedade que acredita que o dinheiro é mais importante hoje do que foi no passado. Segundo um levantamento mundial feito pela Ipsos, multinacional francesa de pesquisa, 65% das pessoas ao re­­dor do mundo têm essa visão.

Entre os brasileiros, o índice sobe para 70%, e entre os coreano, chineses e japoneses, a 85%. A pesquisa revela ainda uma minoria nada desprezível de 48% dos brasileiros que acreditam que o dinheiro é o maior sinal de sucesso.

Para o consultor de investimentos Raphael Cordeiro, esse aumento da importância do dinheiro para as pessoas é natural – fruto de uma sociedade que se desenvolveu e se especializou. "As trocas são cada vez mais intensas e, por isso, o dinheiro ganha relevância. Minha avó fazia pão, goiabada e refrigerante, tinha uma horta e criava galinhas em casa. Diferente de mim, que se quero a bebida, preciso ir comprar", compara.

O grande problema, diz Cordeiro, não está no aumento da importância, mas no fato de que talvez os brasileiros, em especial, não estejam tão preparados para lidar com o dinheiro nessa intensidade, com serviços financeiros tão evoluídos. "Os mais preparados tiram vantagem disso."

É essa justamente a preocupação da médica Cristina Horiuchi, para quem mais importante do que ter dinheiro é saber administrá-lo. "O dinheiro pode proporcionar o conforto da família, uma boa educação para meu filho, viagens. Mas não é o dinheiro que me traz a felicidade", diz. "Já fui muito gananciosa, o que me atrapalhou muito. Hoje, entrei em um equilíbrio."

Consumo

Para alguns especialistas em economia comportamental, no entanto, os dados da pesquisa são sintomas de uma sociedade que valoriza em demasia o consumo e que, possivelmente, esteja dando um valor equivocado ao dinheiro. "Talvez a gente o esteja colocando no lugar errado, como o dinheiro por dinheiro. Não faz sentido ele ter mais valor que no passado porque ele continua sendo o mesmo meio de troca", diz o economista Fabiano Calil, especialista em finanças pessoais.

Para Calil, no passado havia mais clareza do papel do dinheiro como meio, e não como fim. "Hoje, as pessoas têm a meta de ter ‘um milhão de dinheiros’. Mas há um grande vazio nisso. Um milhão para quê?". Muitos dos seus clientes não têm essa resposta.

O equívoco, acredita a psicanalista Márcia Tolotti, autora do livro Armadilhas do Consumo, é natural em uma sociedade do hiperconsumo, na qual as pessoas são convocadas a comprar muito. Assim, diz Márcia, é inevitável que elas associem o meio que gera isso, que é o dinheiro, à felicidade. "Se o meu princípio está na aquisição e no dinheiro, ele tem que ser, de fato, a coisa mais importante da minha vida", diz. "Mas é a ideia de felicidade como possibilidade de adquirir coisas que está um pouco equivocada."

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