Em 2008, a Apple apresentou o MacBook Air ao mundo, que o recebeu de queixo caído. Era um notebook premium, com um design moderno e leve sem igual na indústria. Dez anos depois, o MacBook Air ainda é vendido. É o único notebook da Apple remanescente daquela época e se transformou no mais barato da empresa, custando a partir de US$ 999 — no Brasil, R$ 7.499. Há futuro para esse produto?
Segundo fontes da Bloomberg , a Apple estaria preparando um “novo MacBook de baixo custo”, ou seja, um substituto ou sucessor do MacBook Air. A reportagem diz que “o novo notebook terá um visual similar ao do MacBook Air, mas trará bordas menores em torno da tela”. A maior novidade será a resolução da tela, que será “Retina”, como nos demais notebooks vendidos pela empresa.
O MacBook Air é um produto anacrônico. Além da tela de baixa resolução, abandonada no MacBook Pro em 2012, ele preserva outras características que sumiram dos demais notebooks da Apple em 2016, quando a atual geração do MacBook Pro foi lançada.
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Atualmente, além do MacBook Air, a Apple comercializa outras duas linhas de notebooks: o MacBook (sem “sobrenome”) com tela de 12 polegadas e o MacBook Pro, em versões de 13 e 15 polegadas. Eles representam o futuro que a empresa vislumbra para computadores portáteis, que consiste em:
• Apenas portas USB-C/Thunderbolt 3;
• Teclado com o mecanismo “borboleta”, que resulta em teclas maiores e com perfil (“travelling”) mais baixo;
• Trackpad maior e que responde à pressão exercida (“Force Touch”); e
• Tela com altíssima resolução (“Retina”), o que torna os pixels individualmente indistinguíveis ao olho humano.
A reportagem da Bloomberg deixou analistas e entusiastas intrigados. Primeiro, por uma incongruência física: se o design do novo notebook for similar ao do MacBook Air, a tela mantiver 13 polegadas e as bordas em torno da tela diminuírem, a conta não fechará. Ou ele terá dimensões menores, ou as bordas não diminuirão.
Outra questão relevante é se a Apple faria uma “meia reformulação” no MacBook Air, atualizando a tela, mas mantendo outras partes legadas como o design do teclado e as portas USB-A. Mesmo sob fortes críticas e até ações judiciais movidas por clientes insatisfeitos com a fragilidade do teclado “borboleta” dos novos modelos, a empresa se mantém firme com seus novos notebooks. Atualizar o Air sem mexer nessas partes polêmicas seria uma concessão estranha a essa altura — e munição gratuita para os críticos.
E mais: um MacBook Air com tela Retina teria o potencial de canibalizar as vendas dos dois notebooks imediatamente superiores, o MacBook de 12 polegadas e o MacBook Pro sem Touch Bar, ambos custando US$ 1.299 — ou R$ 11.499 e R$ 11.699 no Brasil, respectivamente. Muitos consumidores encaram como desvantagens algumas das inovações dos notebooks mais recentes da Apple, como o teclado “borboleta”, que geram um feedback tátil menos perceptível e aparentam serem mais frágeis, e as portas USB-C, que exigem adaptadores e cabos extras para o uso de pen drives, projetores e outros acessórios que ainda usam conexões mais tradicionais, como USB-A e HDMI, sem falar na falta de um leitor de cartões SD.
Para esse público, ou seja, aquele consumidor disposto a pagar o que a Apple cobra por seus notebooks, mas que busca o melhor custo-benefício, a tela defasada do MacBook Air é o grande empecilho. A resolução é baixíssima para os padrões atuais e a calibragem de cores fica aquém da das telas “Retina”. Com essa atualização, o notebook mais barato da Apple passaria a ser mais interessante que os — em tese — imediatamente superiores.
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Alguns analistas especulam faz algum tempo que o MacBook Air poderia sair de linha tão logo os custos de produção do MacBook de 12 polegadas caíssem a ponto de ser viável vendê-lo por US$ 999. Essa hipótese perdeu força com o relato da Bloomberg, mas, apesar do histórico de acertos da publicação em se tratando de vazamentos da Apple, não deve ser ainda descartada.
Se os rumores estiverem corretos, as respostas virão em outubro, quando a Apple deve apresentar esse novo MacBook de baixo custo junto à atualização do Mac mini, computador de mesa que há anos é negligenciado — o MacBook Air teve sua última tímida atualização em junho de 2017, quando a frequência do processador do modelo básico foi levemente aumentada.