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Qual o problema com as baterias da Samsung? Confira as questões que rondam a pior crise da empresa

Modelos Note 7 recolhidos durante recall feito pela Samsung | GEORGE FREY/AFP
Modelos Note 7 recolhidos durante recall feito pela Samsung (Foto: GEORGE FREY/AFP)

A Samsung, líder mundial do mercado de celulares, anunciou nesta terça-feira (11) a suspensão total da produção de seu mais recente modelo, o Galaxy Note 7, devido aos riscos de explosão das baterias do aparelho. O episódio abriu uma crise na gigante sul-coreana, que pode ter efeitos devastadores para a imagem da empresa.

A decisão acontece depois de uma série de incêndios causados pelas baterias de íon de lítio, que são usadas em aparelhos como notebooks e até aviões, além de smartphones.

A seguir, confira algumas perguntas e respostas sobre os crescentes problemas de segurança nos aparelhos Samsung, a retirada do mercado dos Note 7 e as razões pelas quais as baterias podem pegar fogo.

Como funcionam as baterias e por que pegam fogo?

As baterias de íons de lítio usadas pela Samsung, produzidas por várias outras companhias, entre elas sua filial Samsung SDI, são do tipo recarregável. As baterias utilizam dois condutores com diversos materiais, um com íons positivos – o catodo – e outro com íons negativos – o anodo.

Estes íons se deslocam em uma direção no momento da carga, e no sentido inverso quando descarregam com o uso.

Estes dois condutores não devem teoricamente estar em contato, por isso os produtores inserem separadores para que permaneçam isolados.

Infelizmente, a reação química que permite que as baterias funcionem também cria calor. Uma sobrecarga do artefato – ou uma carga muito rápida – pode provocar o fogo.

O que ocorreu com as baterias da Samsung?

A Samsung admite que algumas partes da bateria que nunca deveriam entrar em contato o fizeram, o que teria ocorrido devido “a um erro pouco comum no processo de produção”.

A corrida por melhores resultados para incrementar a autonomia de uma bateria, em um mercado muito competitivo, pode levar a resultados inesperados.

“Os fabricantes de smartphones tentam reduzir o tamanho dessas baterias para torná-las mais finas”, explica Hideki Yasuda, analista do Ace Research Institute de Tóquio. “Dado que as baterias geram energia mediante uma reação química, é difícil reduzir o risco de ignição a zero”, acrescenta.

O Galaxy Note 7 vinha com uma bateria de 3.500mAh, com carregamento rápido – recurso presente em muitos celulares top de linha, em que é possível recarregar boa parte da bateria com apenas poucos minutos na tomada.

Isso já ocorreu antes?

Sim. Já ocorreram combustões em diferentes produtos como notebooks Sony Vaio, bicicletas elétricas e, inclusive, componentes dos aviões Boeing Dreamliner.

Qual a extensão do problema?

Todos os anos são produzidas milhões de baterias com íon de lítio, e a proporção das que são defeituosas é pequena.

No caso da Samsung, o chefe da divisão de telefonia do grupo assegurou em setembro que a porcentagem de aparelhos defeituosos era de 24 para um milhão.

A Samsung se viu forçada a ordenar, em 2 de setembro, um recall mundial de 2,5 milhões de unidades do Note 7, depois que alguns aparelhos pegaram fogo durante a recarga. Isso pareceu controlar a crise, mas em seguida descobriu-se que os aparelhos distribuídos para substituir os defeituosos também apresentavam os mesmos problemas.

“Não é fácil determinar no momento se outros fabricantes têm o mesmo problema que a Samsung”, afirma Yasuda. “Se os fornecedores de baterias vendem para outros fabricantes de celular, estes aparelhos também podem ser afetados”, acrescenta.

No fim de julho, por exemplo, um australiano de 36 anos afirmou que seu iPhone 6 explodiu logo depois que ele sofreu uma queda leve enquanto ele andava de bicicleta. O acidente causou queimaduras de 3º grau em sua coxa direita.

Quais as consequências do caso para a Samsung?

Devido a esta crise e ao anúncio da suspensão total da produção e da venda do Note 7, as ações da Samsung caíram nesta terça-feira 8% na bolsa de Seul. Além disso, os analistas acreditam que este caso poderá custar à Samsung US$ 10 bilhões ou mais.

O caso afeta também gravemente a imagem da marca, em um contexto de competição feroz tanto como iPhone da americana Apple quanto com os celulares chineses de baixo custo.

O Note 7 chegou ao Brasil?

O Galaxy Note 7 foi lançado oficialmente no dia 2 de agosto. Na ocasião, a Samsung afirmou que o aparelho começaria a ser vendido no Brasil a partir da primeira quinzena de setembro, a R$ 4.299.

No entanto, no início de setembro a marca anunciou o recall do aparelho nos países em que ele já estava sendo comercializado. Com isso, as vendas do smartphone no Brasil foram canceladas.

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