Pode parecer conselho de autoajuda, mas conhecer a si mesmo é o primeiro passo para se ter sucesso no mundo dos investimentos. Seja na compra de títulos ou em aplicações na Bolsa, a percepção sobre a própria realidade financeira é apontada como medida primordial para que o negócio não termine em prejuízo ou decepção.
Quem aplica por intermédio de bancos ou corretoras de valores irá responder a um questionário próprio para esse fim, chamado Adequação de Perfil do Investidor (API), que relaciona as peculiaridades do cliente à cesta de produtos da empresa. "O instrumento é um direcionador, mas o investidor não pode se furtar à responsabilidade da decisão, que é sempre dele", esclarece Ana Claudia Leoni, superintendente da área de Educação de Investidores da Associação Brasileira das Entidades dos Mercados Financeiro e de Capitais (Anbima).
O mercado trabalha com três perfis principais: conservador, moderado e agressivo, que apresentam níveis crescentes de aceitação de riscos em busca de ganhos maiores. Assim, investimentos mais seguros e com baixo retorno, como a caderneta de poupança, cedem espaço a aplicações arriscadas e potencialmente mais rentáveis, como a Bolsa, conforme aumenta a tolerância às ameaças de perdas.
Caso opte por uma operação autônoma, o investidor pode fazer a análise de mercado por si mesmo. Precisam ser levados em conta, segundo profissionais da área, fatores como nível de experiência, tolerância ao risco da operação e objetivos do negócio. Também é importante conhecer bem a aplicação escolhida, que pode estar sujeita a carências para resgate, custos administrativos ou tributação.
Baixo risco
O brasileiro médio tem perfil conservador e mostra preferência pela tradicional poupança, afirma Alexandre Assaf Neto, consultor financeiro e coautor do livro Investimento em ações: guia teórico e prático para investidores. Segundo ele, o baixo nível de informação sobre outras formas de aplicação torna a caderneta hegemônica. "O brasileiro não teve educação financeira e não tem dinheiro para investir em uma boa formação nessa área."
Especialistas, porém, dizem que está em curso um processo de amadurecimento do investidor, com crescente busca de alternativas à poupança. "Quem investe está cada vez mais atento às opções do mercado. Isso acontece principalmente com o investidor jovem, que se informa bastante pela internet", diz o planejador financeiro e analista gráfico da corretora Alpes/WinTrade, Filipe Villegas.
Reflexo dessa mudança é o fato de que, no ano passado, a captação da caderneta de poupança caiu 66%, ao passo que o investimento em títulos do Tesouro Direto cresceu 35%. Já o mercado de ações, segundo Villegas, continua fora do horizonte da maior parte dos investidores.
TESTE: Descubra seu perfil de investidor. O questionário acima foi elaborado pelo banco Bradesco e compartilhado com a Gazeta do Povo.