Rio de Janeiro Nas palavras de Bill Gates chegaria o dia em que os computadores dispensariam mouses e teclados e passariam a responder ao usuário através dos dedos e da fala. Indo além: as previsões da indústria indicam que, até 2020, as máquinas terão inteligência artificial para "pensar" como os humanos. Seria esse o limite da tecnologia? Para Gates, a resposta é que não há limites, pelo menos nas próximas décadas. Sendo assim, tudo é possível, até mesmo a recriação das previsões que Hollywood vem fazendo, há décadas, sobre como seria a tecnologia do futuro.
Só para se ter noção da capacidade de criação: recentemente, a Microsoft anunciou o protótipo de uma tecnologia chamada Surface, espécie de computador sem teclado nem mouse. O formato é o de uma tampa de mesa, feita de plástico resistente e dotada de tela de 30 polegadas. Na superfície do visor, os ícones aparecem como na área de trabalho de um desktop, com uma diferença que dá, à tecnologia, um ar Minority Report: o usuário não precisa de periféricos para mover os ícones de um ponto a outro da tela; basta selecioná-los e carregá-los com os dedos, minimizando janelas ou pulando de uma para outra.
O Surface é o protótipo que demonstra que, em tecnologia, nem o céu é limite. Um exemplo concreto (e bota concreto nisso)? Há duas semanas, a IBM anunciou mais um integrante da família Blue Gene de supercomputadores. O Blue Gene/P é capaz de alcançar mais de 3 petaflops de operações em cada segundo (traduzindo: ele faz três quatrilhões de operações por segundo). A máquina seria equivalente ao poder de processamento de uma pilha de notebooks que alcançaria 2,4 quilômetros de altura.
Para que ter servidores com tanta capacidade? Segundo Hermann Pais, diretor de inovação da EMC, para dar conta da quantidade de informação gerada por nós, que cresce em escala geométrica. Já chegamos, diz ele, à era do zetabyte (mil hexabytes). Quer dizer, já temos servidores capazes de sustentar isso tudo. Mas será que vamos gerar tanto arquivo? Na opinião de Hermann, cujo trabalho é justamente prospectar novas tecnologias, na era YouTube isso já é possível.
Do outro lado da moeda, a mesma geração já começa a gerar preocupação para quem estuda a internet: já se fala em saturação, ou seja, o limite da rede mundial estaria sendo posto em prova. "Os profetas do apocalipse dizem que a capacidade da internet é finita e que estaríamos chegando ao ponto de saturação, ainda mais depois do advento da era YouTube, que gera uma avalanche de dados", diz Hermann. "Os mesmos profetas prevêem um blecaute da internet, devido à era do vídeo e a tecnologias como o VoIP. Não podemos dizer se eles estão certos."
Catastrofismos à parte, Hermann diz que sempre há uma forma de contornar esses problemas. A indústria já conseguiu, por exemplo, multiplicar a capacidade de armazenamento. Hoje, há servidores de 1 petabyte ocupando um metro quadrado. Em 1996, em 1,5 metro quadrado era possível armazenar apenas 500 gigabytes. O aumento de capacidade foi de mil vezes em 11 anos.
Para Fabio Gandour, gerente de novas tecnologias da IBM, Gates tem razão ao afirmar que não há limites para a tecnologia, principalmente porque o ser humano quer cada vez mais. O hiper desejo, que marca a sociedade hoje, diz ele, não fica apenas na comida e na bebida, mas em tudo. Novidades como o Second Life (SL) surgem como uma saída: passamos a nos saciar de bits e não de átomos. "Um terno Armani comprado para o avatar do SL é mais barato que na vida real", diz.
Outro ponto lembrado por Gandour é a inteligência artificial: já existe um limite para experiências como as do Massachussets Institute of Technology (MIT), meca dos estudos em robótica? "Até 2020 seria possível, sim, construir engenhos capazes de pensar como um homem. Mas este mesmo robô não será capaz de criar novos raciocínios. Se vai acontecer? É possível, mas o produto inicial não terá muita qualidade", responde.
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