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Quando o chefe é estrangeiro

O alemão Michael Behrla, no Brasil há um ano e meio, ainda se bate com o português, mas ensina técnicas aos colegas brasileiros | Andre Rodrigues/Gazeta do Povo
O alemão Michael Behrla, no Brasil há um ano e meio, ainda se bate com o português, mas ensina técnicas aos colegas brasileiros (Foto: Andre Rodrigues/Gazeta do Povo)

Por causa da falta de qualificação dos profissionais brasileiros, muitas empresas estão recorrendo à importação de mão de obra para ocupar cargos, inclusive os de chefia. O Paraná não é exceção, especialmente quando se tratam de multinacionais que buscam implementar novas técnicas e processos por aqui. É o caso do alemão Michael Behrla, engenheiro e gerente de vendas da Siempelkamp, companhia especializada em desenvolver e construir maquinário para indústrias de processamento de madeira, metal e borracha. Ele está no Brasil há um ano e meio e veio para "ajudar a empresa a funcionar como na matriz, na Alemanha", explica.

O gerente de planejamento Omar Zuniga também se encaixa nesse perfil. Ele saiu da filial da montadora Nissan no México para a curitibana há oito meses e está trabalhando no desenvolvimento de produtos no mercado local. "Não havia ninguém que pudesse assumir essa vaga, então fui chamado", conta.

Os dois profissionais são exemplos da vinda maciça e crescente de estrangeiros para o Brasil. Entre 2009 e 2012, por exemplo, houve um aumento de mais de 70% no número de autorizações concedidas pelo Ministério do Trabalho e Emprego (MTE) a pessoas de fora que vêm trabalhar por aqui – normalmente a convite de empresas que não encontram, na força de trabalho nacional, as qualificações que precisam (veja o infográfico abaixo).

Intercâmbio

A presença de estrangeiros em cargos de chefia é vista de maneira positiva por especialistas. Para o diretor regional da consultora Business Partners, Carlos Contar, o contato entre trabalhadores de diferentes países é benéfico tanto para eles quanto para as empresas. "Os brasileiros vão poder aprender metodologias e técnicas diferentes que melhorarão seus próprios repertórios", diz. "Para conseguir bons resultados, é importante mesclar as equipes e não recorrer exclusivamente à mão de obra de fora", completa.

O professor da FAE Busi­ness School e consultor de gestão de carreira, Emílio de Castro Paiva, concorda com esse ponto de vista e ainda vê benefícios a longo prazo. "O estrangeiro pode, a princípio, tirar a vaga que seria de um brasileiro, mas, ao trazer alguém de fora, você força o mercado interno a buscar a equiparação e superar o material do exterior", justifica.

Não são apenas os brasileiros que aprendem com profissionais estrangeiros, mas o contrário também. Behrla, da Siempelkamp, comenta que as diferenças culturais dificultam o trabalho no início, mas, aos poucos, o intercâmbio acaba beneficiando a todos. "Como alemão, eu vou direto ao ponto nas reuniões e os brasileiros gostam de conversar mais. Acho que, com a troca de experiências, vamos aprendendo a misturar as duas características", ressalta.

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