A Copa do Mundo é nossa. Mas quanto ela vale?
Os estudos sobre o impacto econômico do Mundial de 2014 apontam para valores bem distintos. E, faltando apenas um ano para o início do torneio, é difícil saber se alguma dessas estimativas será atingida, dados os atrasos e cancelamentos de obras, principalmente da área de mobilidade.
Entre as principais projeções sobre o "efeito Copa", a mais recente é a do Itaú, apresentada no ano passado. O banco estima que, de 2011 a 2014, o evento terá movimentado o equivalente a 1,5% do Produto Interno Bruto (PIB) brasileiro. Em valores de 2012, isso corresponde a R$ 66 bilhões, pouco mais que o PIB de Curitiba.
Outra avaliação, divulgada em 2010 pela Ernst & Young e a Fundação Getulio Vargas (FGV), espera mais que o dobro: vê um impacto direto e indireto de R$ 142 bilhões entre 2010 e 2014, cerca de 3,2% do PIB nacional. Um trabalho encomendado pelo governo federal à Value Partners Brasil, também apresentado em 2010, aponta para um valor ainda maior, de R$ 177 bilhões entre 2010 e 2014, ou 4,2% do PIB.
Esses números foram construídos com base nas expectativas de cada autor em relação a dois fatores principais: os investimentos em estádios e infraestrutura, com seus respectivos efeitos multiplicadores sobre emprego, renda e consumo; e a quantidade de turistas que os jogos podem atrair, bem como o dinheiro que eles devem gastar.
Ainda não há como atestar a exatidão das estimativas relacionadas ao turismo. Mas já há dados sobre o andamento das obras de infraestrutura e eles não animam.
O portal da Controladoria Geral da União (CGU), o mais atualizado entre os que acompanham os gastos com a Copa, trabalha com uma previsão de gastos públicos e privados de R$ 26,7 bilhões nas 12 cidades-sede, em estádios, aeroportos, mobilidade urbana, telecomunicações e outros menos do que esperam o governo e o Itaú. E mesmo esse valor está longe de ser alcançado.
Até sexta-feira, apenas R$ 14,9 bilhões em gastos foram contratados e, destes, somente R$ 6,5 bilhões foram executados, segundo o CGU. Conforme a Copa se aproxima, cresce a chance de que obras ainda não contratadas sejam canceladas, limitando o tal efeito multiplicador.
"Os três estudos erram, a meu ver, ao olhar para apenas um cenário, que parece ser o melhor possível", avalia o economista Fábio Tadeu Araújo, professor da PUCPR. "Como se vê pela evolução das obras, pode ser que os números reais fiquem inclusive abaixo do que seria um cenário básico, mais conservador", diz.
Pós-Mundial