Mais da metade das pessoas que estão lendo esta matéria não vai conseguir quitar todas as contas com o próximo salário. Em alguns estudos, este porcentual é de até sete em cada dez brasileiros. Uma outra boa parte vai comemorar o fato de ter fechado as contas sem entrar no cheque especial, mas também sem nenhuma sobra. Situação que pode parecer boa, mas que está muito longe de ser considerada confortável. "O ponto zero é ter uma poupança de pelo menos três vezes o valor dos seus gastos mensais", diz o consultor de finanças pessoais Gustavo Cerbasi. "Mas, para alguém se sentir realmente tranqüilo, o ideal é ter dez vezes este valor."
Considerado um dos atuais gurus da economia doméstica, o paulista Cerbasi esteve em Curitiba na quinta-feira para participar da Expo Money Curitiba, feira de finanças pessoais e investimentos, e de uma palestra para assinantes da Gazeta do Povo. Autor dos livros Dinheiro: o segredo de quem tem e Casais inteligentes enriquecem juntos, Cerbasi lidera o ranking dos livros mais vendidos no país. Mestre em finanças pela Universidade de São Paulo (USP), com especialização pela Universidade de Nova Iorque, ele diz que aprendeu muito do que ensina longe da academia, no seu dia-a-dia, trocando idéias e consolidando conhecimento. "Falar sobre dinheiro enriquece, e deveria ser praticado por todos."
Por isso mesmo, uma das suas primeiras orientações para quem quer conquistar o equilíbrio financeiro é conversar e buscar conhecimento. "Com a economia estável, hoje é possível criar uma inteligência financeira, acumular conhecimento."
A falta de percepção financeira é um dos quatro grandes erros na busca por uma situação equilibrada. "Muitas pessoas chegam ao banco, por exemplo, como vítimas. Sem nenhuma informação", diz o consultor. "Mas o banco é um comércio como outro qualquer. Assim como quem compra um carro, se não tiver conhecimento, vai comprar errado."
O segundo erro, diz Cerbasi, é desprezar pequenos valores. "Faça um exercício simples. Tenha uma folha de papel sempre em mãos e anote todas as despesas do mês, desde a gorjeta para o guardador de carro. É incrível o volume de gastos pequenos." Para o consultor, é ilusão achar que estes gastos podem simplesmente ser cortados. "Você não precisa deixar de tomar o cafezinho. Mas tem que ter noção dele e de todas estas despesas para levá-las em conta quando faz o orçamento da família."
Um terceiro equívoco está em desprezar uma boa negociação. "Por uma questão cultural, muita gente fica constrangida em negociar. Desde criança o brasileiro faz piada com quem pechincha." Mas, segundo Cerbasi, nela está uma boa alternativa de economia. Por isso, a orientação é resgatar essa prática e ensiná-la aos filhos.
O quarto e último grande erro é não saber onde se quer chegar. "É fundamental olhar para o futuro e planejar. Ter um projeto, fazer cálculos." Ele garante que é um exemplo de sucesso dessa prática. "Com esse planejamento, consegui fazer antes muitas coisas que eu planejava."
Evitando esses erros, Cerbasi acredita que é possível manter um equilíbrio financeiro e, principalmente, ter uma poupança para custear o futuro, ou mesmo imprevistos do dia-a-dia. "Não é preciso cortar lazer, ou coisas que dão prazer. O importante é ter disciplina", resume. "Planejamento financeiro traz paz. E isso é fundamental."