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MERCADO

Que tal usar Robin Hood para te ajudar a negociar ações de graça?

A lista de espera para acesso antecipado para o aplicativo atingiu 10 mil pessoas em apenas uma hora | Reprodução/
A lista de espera para acesso antecipado para o aplicativo atingiu 10 mil pessoas em apenas uma hora (Foto: Reprodução/)

O garoto-propaganda da Robinhood parece um pouco com o ator Seth Rogen: barbudo, gordinho e, para alguns espectadores, possivelmente um drogado. Mas, em anúncios de menos de um minuto e meio espalhados pela web, a empresa tenta fisgar a chamada geração Y, garantindo que esses jovens não precisam de muito dinheiro para triunfar no mercado de ações.

Para o sucesso, basta recorrer àquele que rouba dos ricos para dar aos pobres. Ou seja, baixar no iPhone o aplicativo Robinhood — através do qual os novos pequenos investidores não precisam pagar as comissões padrão da indústria, que podem corroer os lucros de iniciantes no mundo da Bolsa.

Versões para Android e web ainda estão sendo desenvolvidas. A startup de 25 pessoas foi criada por Vladimir Tenev, de 28 anos, e Baiju Bhatt, de 30. Os dois foram companheiros de quarto na Universidade de Stanford, onde estudaram Física, antes de se mudarem para Nova York em 2010 para construir sistemas de software de alta frequência para bancos e fundos de hedge.

Após testemunhar a eclosão do Movimento Occupy Wall Street, quando milhares tomaram o Parque Zuccotti, a dupla sentiu que escrever códigos de computador para ajudar os ricos ficam mais ricos era motivo de insatisfação. “As pessoas esperavam mais de nós”, diz Bhatt.

Eles também aprenderam, trabalhando em Wall Street, que o verdadeiro custo das negociações tinha caído a frações de centavo, pelo menos para grandes clientes institucionais. Enquanto isso, pequenos investidores ficavam presos ao pagamentos de até US$ 10 por cada transação online. A dupla questionou, então, se havia uma maneira de levar um esquema de comissão zero às massas. E ajudar a levar o mercado de ações a toda uma geração cética e sem muitos recursos.

“Dez anos atrás, você não teria sido capaz de fornecer este serviço com 25 pessoas. Teriam sido necessárias 500”, afirmou Tenev.

“Usuários primeiro, lucros depois”

Foi difícil vender a ideia. Mas a Google Ventures fez um pequeno investimento no fim de 2012. Em seguida, a Robinhood recebeu mais US$ 3 milhões de Andreessen Horowitz, da Index Ventures, do investidor anjo Tim Draper em setembro de 2013.

Dois meses depois, Bhatt e Tenev tornaram públicos seus planos para o comércio livre. A lista de espera para acesso antecipado para o aplicativo atingiu 10 mil pessoas em apenas uma hora; em mais alguns meses, ultrapassara 500 mil — com direito a gente vendendo convites no eBay. O frenesi fez a Robinhood levantar mais US$ 13 milhões em setembro, de um grupo que incluía celebridades como Jared Leto e Snoop Dogg.

Como muitos idealistas do Vale do Silício, Bhatt e Tenev insistem que os usuários venham em primeiro lugar para que a empresa possa, posteriormente, gerar lucro. Mas, quando pressionados, eles contam que conseguem ganhar dinheiro recolhendo alguns juros sobre o dinheiro depositado em contas de clientes e que, em breve, irão cobrar dos usuários para emprestar e fazer negócios. Em Wall Street, chama-se de alavancagem, ou margem. Pode ser traiçoeiro para investidores individuais e profissionais de finanças — os PhDs vencedores do Prêmio Nobel da Long-Term Capital Management descobriram isso quando seu fundo de hedge explodiu em 1998.

Margens de empréstimo podem ser lucrativas. A E * Trade Financial cobra até 8,4%; a maior taxa é do TD Ameritrade Holding — 9%. Tenev diz que os clientes teriam de preencher um questionário de adequação antes de serem capazes de negociar na margem e ter pelo menos US$ 2.000 em suas contas (mínimo exigido pelos reguladores americanos). A Robinhood também planeja cobrar por vendas a descoberto, outra prática que pode complicar os portfólios de investidores iniciantes e profissionais igualmente.

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