A inflação medida pelo Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA), calculado pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), começou a desacelerar em Curitiba e no país. Em maio, a alta dos preços na capital paranaense foi de 0,50%, índice próximo da média nacional de 0,47% e bem abaixo dos 1,14% de março e 1,23% de abril na capital paranaense.
A maior influência nesse resultado foi dos combustíveis, mais precisamente do etanol. O combustível apresentou queda de 14,09% em Curitiba e 11,34% no país. "Essa grande queda em um índice que girava em torno de 0,80% na série histórica ocorreu por causa do avanço na colheita e na moagem da cana-de-açúcar, que aumentou a oferta do produto e fez com os preços recuassem. Um freio no consumo do etanol por parte dos consumidores, por causa da alta anterior nos preços, também ajudou", analisa a coordenadora da pesquisa do IPCA/INPC no IBGE, Eulina Nunes.
O movimento de redução de preços (13% para o álcool e 6% para a gasolina) pela BR Distruibuidora, subsidiária da Petrobras, na primeira quinzena de maio, também influenciou os números. Essa redução faz parte das medidas de combate à inflação do governo federal e tinha sido anunciada ainda em abril. Mesmo com a queda, o etanol permanece com alta de 17,82% no acumulado do ano. Já a gasolina, que teve pequena alta de 1,08% em maio, registra 10,04% no acumulado.
As passagens aéreas também tiveram comportamento de queda, com -14,88% em relação a abril. As promoções das companias áereas para compensar o período morno, longe das férias escolares e de verão, seriam o principal fator desses resultados, além da influência dos combustíveis.
Acumulado
Entre as 11 regiões metropolitanas pesquisadas, a de Curitiba apresenta a inflação mais alta no acumulado dos quatro primeiros meses de 2011 (4,55%) e nos últimos 12 meses (8,29%). Na capital paranaense, a pressão inflacionária dentro dos nove grupos de produtos e serviços pesquisados para compor o IPCA foi maior em Alimentação e Bebidas. Esse item e outro relacionado a ele, o da alimentação fora de casa, tiveram aumentos de 1,48% e 2,66%, respectivamente, em Curitiba bem acima das médias nacionais de 0,63% e 0,91%.
"Os alimentos mantiveram a mesma tendência de alta dos meses anteriores. No caso dos produtos in natura, como o tomate, a grande causa da alta nos preços foi o clima. O mês de maio foi marcado por algumas tempestades de granizo no estado de São Paulo, que produz mais da metade do tomate brasileiro", avalia Eulina.
Previsões
A pesquisadora prefere não falar em previsões para o próximo mês, mas a possível divulgação do limite de reajuste dos planos de saúde familiares e individuais pela Agência Nacional de Saúde Suplementar (ANS), retroativo a abril, e também um reajuste na tarifa da energia elétrica pela Copel, que ocorre todo mês de junho, podem influenciar os preços nos próximos meses. Em maio, os preços com plano de saúde tiveram aumento de 0,59% (2,99% no acumulado do ano), enquanto os da energia elétrica subiram apenas 0,03% em maio, e registram 0,43% no acumulado.
A ANS não admite, mas o índice em análise pelo Ministério da Fazenda seria algo em torno de 6,6%. Já a Copel diz que a autorização é feita pela Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel). O reajuste médio da tarifa em 2010 foi de 2,46%.
Índice da construção sobe mais que o IPCA
Outro indicador medido pelo IBGE, em convênio com a Caixa Econômica Federal, o Índice Nacional da Construção Civil (Sinapi), também apresentou alta, apontando inflação de 1,50% em maio no setor uma aceleração diante da taxa do mês anterior, de 0,48%, mas ainda assim abaixo do índice registrado em maio do ano passado, que foi de 1,61%. "Esse valor é resultado da pressão exercida pelos reajustes salariais da categoria no mês de maio. Quase todas as regiões tiveram um ou mais estados com acordos coletivos no setor, em especial o Centro-Oeste", explica o coordenador da pesquisa, Augusto Oliveira. Segundo ele, os reajustes salariais do setor ficaram entre 7% e 10%. Em 2011, o Sinapi acumula uma alta de 3,20%. Já nos últimos 12 meses, o índice está em 6,88%, um pouco menor que nos 12 meses anteriores, quando o indicador foi de 7%.