O festejado corte de 1 ponto porcentual na taxa básica de juros (Selic) pelo Banco Central (de 13,75% para 12,75% ao ano) vai representar uma economia de centavos para o consumidor de forma geral nas prestações mensais.

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Nas taxas cobradas por bancos e financeiras nas operações de crédito à pessoa física, cuja média mensal estava em 7,49%, o recuo será de apenas 0,08 ponto porcentual.

Para especialistas de dentro e de fora do governo, os principais responsáveis por impedir uma queda maior dos juros são os elevados níveis do chamado spread bancário - a diferença entre a taxa que as instituições pagam para captar dinheiro e a taxa cobrada nos financiamentos a consumidores e empresas.

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Após o anúncio da decisão do Comitê de Política Monetária (Copom), na quarta-feira à noite, a maioria dos bancos anunciou o repasse integral do corte na Selic para algumas de suas modalidades de crédito. O spread, no entanto, continuou inalterado, o que explica o efeito reduzido no bolso do consumidor.

"As taxas de juros ao consumidor continuam quase 10 vezes mais caras do que a remuneração da Selic", afirma Miguel Ribeiro de Oliveira, vice-presidente da Associação Nacional dos Executivos de Finanças, Administração e Contabilidade (Anefac).

Ele argumenta que, enquanto a taxa básica está em12,75% ao ano, a taxa média de juros cobrada do consumidor deverá atingir 135,80% ao ano. Em algumas financeiras, como a Caterpillar Financial, em linhas de empréstimo pessoal essas taxas chegam a 5.013,94% ao ano. Conforme relatório do Banco Central, essa instituição cobra juros de 40,69% ao mês nesse tipo de operação.

"Mesmo que o BC resolvesse zerar a Selic, a taxa cobrada pelos bancos e financeiras ainda seria muito elevada", diz o vice-presidente da Anefac. No caso da Caterpillar Financial, a taxa seria de 5.001,19% ao ano.

Simulações feitas pela Anefac mostram que o efeito da redução da Selic será irrisório para o consumidor. No crediário de lojas, uma geladeira de R$ 1,5 mil à vista, por exemplo, passa a ser parcelada em 12 vezes de R$ 181,08, o que representa redução de apenas R$ 0,79 ao mês. No cartão de crédito, o uso do rotativo de R$ 1 mil por 30 dias fica apenas R$ 0,80 mais barato.

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Entre os custos que compõem o spread bancário estão a cunha fiscal formada por impostos e compulsórios, o risco de inadimplência da operação de empréstimo. as despesas administrativas e a margem de lucro das instituições, além do próprio custo do dinheiro financiado, que é determinado pela Selic. "Todos esses fatores continuam hoje em níveis bastante elevados, principalmente a margem líquida dos bancos e financeiras", observa Ribeiro de Oliveira.