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Queda de 8,9% no comércio em 2015 foi puxada pelo atacado, diz IBGE

Comércio atacadista abarca segmentos do varejo ampliado, que incluem veículos e material de construção, cujas vendas foram menores no ano passado | Daniel Castellano /Gazeta do Povo
Comércio atacadista abarca segmentos do varejo ampliado, que incluem veículos e material de construção, cujas vendas foram menores no ano passado (Foto: Daniel Castellano /Gazeta do Povo)

O Produto Interno Bruto (PIB) do comércio encolheu 8,9% em 2015 ante o ano anterior, informou nesta quinta-feira, 3, o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). Esse desempenho foi mais puxado pelo setor atacadista do que pelo varejista, segundo Rebeca Palis, coordenadora de Contas Nacionais do órgão.

Segundo Rebeca, o comércio atacadista abarca segmentos do varejo ampliado, que incluem veículos e material de construção, cujas vendas foram menores no ano passado. Não à toa, o PIB do comércio teve o pior desempenho da série atual do IBGE, iniciada em 1996.

Nos demais serviços, houve retração de 6,5% no PIB de transportes, segundo o IBGE. “Os serviços relacionados à indústria sofreram com desempenho negativo do setor de transformação. Os serviços às empresas foi o setor que mais caiu em 2015”, disse Rebeca.

Indústria extrativa

A indústria extrativa foi um dos poucos segmentos da economia brasileira que apresentou avanço em 2015, com alta de 4,9% no PIB ante 2014, segundo o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). “Houve crescimento tanto da produção de minério de ferro quanto de petróleo”, explicou Rebeca Palis.

A desvalorização do câmbio também contribuiu para elevar as exportações desses produtos, acrescentou Rebeca. No ano passado, o dólar subiu quase 50% ante o real.

Por outro lado, o desempenho positivo no ano declinou no quarto trimestre de 2015 com a ocorrência de dois eventos: o desastre em Mariana (MG), com o rompimento de duas barragens da mineradora Samarco, que paralisou a produção da empresa; e a greve dos petroleiros.

“A indústria extrativa vinha em trajetória de crescimento, mas no quarto trimestre esses dois eventos atrapalharam a atividade”, disse a coordenadora.

PIB da agropecuária

A alta de 1,8% no PIB da agropecuária foi o pior desempenho do setor desde 2012, quando houve recuo de 3,1%, segundo o IBGE. Soja e milho garantiram o avanço do campo no ano passado, mas culturas importantes e a pecuária acabaram prejudicando o resultado.

No ano passado, a soja registrou crescimento de 11,9% em seu volume produzido, enquanto o milho avançou 7,3%, apontou o IBGE. “Essas culturas impulsionaram o crescimento no ano passado. Por outro lado, culturas importantes tiveram queda na produção agropecuária, como café e laranja”, disse Rebeca Palis.

A produção de café recuou 5,7% no ano passado, enquanto o volume colhido de laranja encolheu 3,9% ante 2014. A colheita de trigo também diminuiu 13,4% no período. “A pecuária também não teve desempenho favorável”, acrescentou Rebeca.

Indústria automotiva

Puxada pelo desempenho negativo da indústria automotiva, a indústria de transformação apresentou a maior queda entre os setores da indústria no ano passado (-9,7%) na comparação com 2014. Na sequência aparecem construção civil (-7,6%) e produção e distribuição de eletricidade, gás e água (-1,4%).

O setor automotivo foi afetado pela alta dos juros, o menor crescimento do crédito e a retirada do incentivo do Imposto sobre Produtos Industrializados (IPI) pelo governo no ano passado, destacou Rebeca.

Outro segmento que pesou sobre o desempenho da indústria de transformação foi o de máquinas e equipamentos, destacou. Na lista de principais impactos para o PIB da indústria de transformação figura ainda a atividade de alimentos e bebidas. Segundo Rebeca, não houve queda acentuada, mas o setor tem peso importante.

“Se a gente fosse olhar só a taxa, alimentos e bebidas não estariam nessa lista, porque não foi uma queda enorme como a de máquinas e equipamentos e automotiva. Mas é um setor muito importante na economia”, explicou a coordenadora.

Rebeca citou que a queda no consumo das famílias no ano foi puxada mais pela redução de gastos com bens do que com serviços. “Em época de inflação mais alta, há substituição de produtos. Claro que (o setor) alimentos e bebidas nunca vão ter uma queda como a de bens duráveis, mas você pode fazer trocas”, explicou.

Imposto de importação e IPI

A forte queda de 7,3% dos impostos sobre produtos em 2015 na comparação com 2014 foi puxada por dois impostos. O Imposto sobre Produtos Importados (IPI) e o Imposto de Importação foram os destaques no período, de acordo com Rebeca.

O primeiro teve queda de 13,9% no ano passado ante 2014, enquanto o outro teve retração de 17,1% no período. A queda do imposto de importação está ligada à queda do volume de bens importados, na esteira da desvalorização cambial e do desempenho da atividade econômica, estacou Rebeca de La Rocque Palis, coordenadora de Contas Nacionais.

Enquanto isso, o resultado do IPI foi influenciado pelo resultado negativo da indústria de transformação. Já o ICMS, que tem um peso maior sobre os Impostos sobre Produtos, retraiu, mas numa proporção menor, de 6,6%, destacou. Outros Impostos sobre Produtos tiveram queda de 6%.

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