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PIB

Queda de investimentos e estoques paralisa recuperação da zona do euro no 2º tri

A queda dos investimentos e dos estoques deixou a economia da zona do euro estagnada no segundo trimestre contra os três meses anteriores apesar do crescimento do consumo das famílias e da contribuição positiva do comércio, de acordo com dados divulgados nesta sexta-feira (5).

A Agência de Estatísticas da União Europeia confirmou sua estimativa anterior de que o Produto Interno Bruto dos 18 países que usam o euro ficou inalterado no período entre abril e junho na comparação trimestral, embora tenha avançado 0,7% na base anual.

Os dados da Eurostat mostraram que a queda dos estoques subtraiu 0,2 ponto percentual do resultado geral no segundo trimestre, ofuscando a contribuição positiva de 0,2 ponto do consumo das famílias.

A queda dos investimentos subtraiu 0,1 ponto, ofuscando a contribuição positiva do comércio na mesma proporção.

O investimento tem enfraquecido desde o último trimestre de 2013 e muitas autoridades da UE acreditam que este é o principal instrumento que pode ajudar a reanimar o crescimento uma vez que as taxas de juros já estão em mínimas recordes e muitos governos precisam continuar a consolidar as finanças públicas.

Juros

O Banco Central Europeu (BCE)vai lançar um programa de recompra de dívidas privadas com o objetivo de apoiar o mercado de crédito e estimular a atividade econômica. Além disso a taxa básica de juros da instituição foi reduzida a 0,05%, a mais baixa da história.

As medidas foram anunciadas em uma esperada entrevista coletiva realizada na sede do BCE. A primeira informação foi a queda da taxa, rebaixada pela sexta vez desde 2012. Em junho, quando da última deliberação, o índice era de 0,15%.

O objetivo direto da queda nos juros é enfrentar a baixa inflação, que em julho foi de 0,4% e em agosto de 0,3%, longe do centro da meta, de 2%. Trata-se do 11º mês consecutivo abaixo de 1% e do índice mais reduzido desde outubro de 2009.

Sobre o tema, o presidente do BCE, Mario Draghi, reconheceu as adversidades. "Será muito difícil atingir o objetivo de uma inflação próxima de 2% sobre a base da política monetária. É preciso crescimento, políticas fiscais, é preciso reformas estruturais antes de mais nada", pregou a autoridade monetária, em uma declaração interpretada na Europa como uma crítica indireta ao excesso de austeridade fiscal. "A política monetária sozinha não pode fazer a inflação voltar a subir", justificou.

Mas a medida mais impactante anunciada pelo BCE foi a decisão de passar "instrumentos não convencionais" para combater o risco de deflação e debelar a estagnação econômica da zona do euro.

Entre as ações previstas estão planos para compra de bônus cobertos e títulos amparados em ativos - os asset-backed securities, ou ABS. Compõem esses títulos empréstimos corporativos, hipotecas, empréstimos ao consumo, cartão de crédito e outros.

Com isso, a instituição tenta flexibilizar o crédito no interior da União Europeia. O volume de recursos a ser empregado na iniciativa não foi divulgado, mas deve chegar a centenas de bilhões de euros. De acordo com a agência de notícias Reuters o valor estimado é de 500 bilhões de euros em três anos.

Juros negativos

Segundo Draghi, essa iniciativa vai permitir que o crédito à economia real cresça nos próximos meses, estimulando o consumo e o crescimento, com impacto positivo sobre a inflação. Para o presidente do BCE, a decisão é necessária para "completar e reforçar as medidas tomadas no mês de junho".

Um dos efeitos colaterais da política expansionista do BCE é o fato de que títulos das dívidas soberanas de países considerados confiáveis no mercado financeiro, como Alemanha, França ou Áustria, estão pagando juros negativos, o que na prática significa que os credores estão tendo prejuízo em curto prazo em tais títulos. Com isso, o peso das dívidas públicas para os Estados cai, facilitando operações de refinanciamento.

A repercussão das medidas nas bolsas de valores foi imediata. Logo após a entrevista, o euro caiu ao seu menor valor em relação ao dólar em 13 meses, sendo negociado a US$ 1,3037, quase 1% mais barato.

O movimento já era esperado por analistas - na manhã de ontem, o banco Société Générale chegou a anunciar que, "o que quer que o BCE venha a fazer, o euro cairá" -, mas o resultado surpreendeu analistas, já que a divisa chegou a ser vendida abaixo da marca "psicológica" de US$ 1,30.

Os principais índices dos mercados financeiros europeus registraram fortes altas: o DAX, de Frankfurt, subiu 1,02%, o CAC 40, de Paris, 1,65%, e o Euro Stoxx 50, 1,81%. Já o índice FTSE 100, de Londres - fora da área do euro -, fechou estável, em 0,06%. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

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