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Queda de juros ganha apoio de ex-diretores do Banco Central

O também ex-diretor do Banco Central Alexandre Schwartsman disse que não conta com novos cortes de juros em seu cenário básico. | Daniel Castellano/Gazeta do Povo
O também ex-diretor do Banco Central Alexandre Schwartsman disse que não conta com novos cortes de juros em seu cenário básico. (Foto: Daniel Castellano/Gazeta do Povo)

Diante da fraqueza da atividade econômica, o ex-diretor do Banco Central, Sergio Werlang, defendeu nesta quarta-feira (3) a queda da taxa básica da economia, a Selic.

“Obviamente deveria ser amanhã. Deveria fazer reunião extraordinária e baixar os juros. Cortou demais? Não tem problema, sobe. O pior é a economia não crescer”, disse Werlang em evento organizado pelo Bradesco BBI.

Segundo ele, o corte deveria ser de, no mínimo, mais 1 ponto percentual, em duas quedas de 0,5 ponto. Ele citou o desemprego ainda elevado e a desaceleração do crescimento como indicativos de que a taxa Selic atual, em 6,5% ao ano, é um número alto.

“Não é [um número] estimulativo. Se fosse estimulativo, teríamos visto estímulo.”

Também ex-diretor do Banco Central, o economista Alexandre Schwartsman disse que não conta com novos cortes de juros em seu cenário básico, mas admitiu que não ficaria espantado se começasse a ver novas surpresas inflacionárias para baixo nos próximos meses – o que criaria chance de redução moderada de taxa de juros.

“Não é o cenário principal, que é de manutenção, mas há chance bastante razoável de acontecer um corte ao longo do segundo semestre, à medida que a gente olhe que não só a inflação de 2019, mas a de 2020 também começa a ficar abaixo das metas”, afirmou.

Segundo Schwartsman, esse corte poderia ser de 0,5 ponto, 0,75 ponto ou até 1 ponto percentual. Para ele, o PIB (Produto Interno Bruto) deste ano deve ficar entre 1,5% e 2% - “mais para 1,5% do que 2%”, disse.

Já José Julio Senna, também ex-diretor do Banco Central e hoje ma MCM Consultores, disse que, com a perda de força no ritmo de melhora do desemprego, “dá muita vontade de dizer que os próximos passos do Banco Central serão de afrouxamento monetário”.

No entanto, afirmou Senna, incertezas em relação à agenda de ajustes econômicos e à reforma da Previdência impõem cautela, assim como a trajetória do dólar e seus efeitos sobre a inflação.

“Tendo a concluir que o Banco Central não vai fazer nada. Vai manter a Selic estável por algum tempo. Não estou vendo os próximos passos como sendo de frouxidão adicional da política monetária. Selic já caiu 8 pontos, logo 0,5 ponto percentual não vai fazer diferença”, disse o especialista em política monetária.

Para Senna, juros mais baixos não necessariamente estimulam a atividade econômica, e o exemplo da economia americana, disse ele, é claro nesse sentido. “Os economistas têm muita dificuldade de entender os verdadeiros entraves para o crescimento da nação. Não é só confiança que falta. Tem entraves muito mais objetivos ao nosso crescimento”, disse.

Os economistas também criticaram a ideia do Banco Central de fazer do real uma moeda conversível internacionalmente.

“Faz tempo que não ouço falar. Pode querer ter moeda reversível mas, no fim das contas, não é decisão do país. Quem vai usar o real para pagamentos internacionais? Conversível, conversível, com contas em reais nos bancos no mundo afora, isso não vai acontecer não na minha vida e juro para vocês que planejo viver muito tempo”, disse. 

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