Desde os celulares analógicos dos anos 1990 até os aparelhos 3G (terceira geração) que dispõem de internet em alta velocidade, um problema ainda não foi corrigido pelas operadoras de telefonia móvel: a queda do sinal da antena. Moradores de bairros distantes, distritos do interior e até do litoral paranaense amargam a dificuldade de não poder se comunicar quando precisam, mesmo havendo mais aparelhos que gente no país segundo a Agência Nacional de Telecomunicações (Anatel), o Brasil fechou 2011 com 242,2 milhões de telefones, ou quase 124 aparelhos para cada 100 habitantes.
A comerciante Ivonete Aparecida Bueno, de Ponta Grossa, nos Campos Gerais, mora na vila Cristo Rei, a 22 quilômetros do centro, e usa um celular da Claro única operadora que cobre o bairro para se comunicar com seus parentes, clientes e fornecedores. "Somos oito na família que só usam celular para se comunicar. Eu preciso falar ao celular direto, mas não consigo por falta de sinal e tenho de usar o telefone fixo, que fica bem mais caro", reclama. A dona de casa Selma Regina de Souza mora no mesmo bairro e enfrenta problema parecido. "Já fiquei duas semanas sem sinal de celular, às vezes preciso conversar com meu marido que está trabalhando e não tem como", conta Selma, que não tem telefone fixo em casa. Procurada, a Claro se limitou a informar que cobre toda a área urbana de Ponta Grossa.
Negócios
O corretor de imóveis Armando da Silva Filho, que mora em Pontal do Paraná, no litoral, teve recentes dores de cabeça com a TIM. "Meus clientes me diziam que chamavam o meu número e recebiam mensagem de que ele estava desligado, mas meu aparelho estava ligado e carregado. Depois é que fiquei sabendo que a TIM estava com problemas. Para mim foi um caos, porque isso aconteceu no auge da temporada", afirma o corretor. Em Ponta Grossa, nem o coordenador da Promotoria de Proteção e Defesa do Consumidor (Procon), Pietro Arnaud Santos da Silva, escapou. "Eu tive muitos problemas de sinal com a TIM, mas agora o serviço está melhor", conta.
Em nota, a TIM informou que "alguns incidentes podem ter causado dificuldade aos clientes para originar e receber chamadas e trafegar dados nas redes 2G e 3G no Paraná", mas que trabalhou para restabelecer o sinal. A empresa explicou que, em 2011, todos os equipamentos obsoletos foram substituídos por novos.
Boca no tromboneNúmero de queixas na Anatel cresce 20%
A Agência Nacional de Telecomunicações (Anatel) registrou 33,4 mil queixas de clientes da telefonia móvel no Brasil em relação a reparos na linha, incluindo a falta de sinal. O número corresponde aos meses de janeiro a outubro do ano passado (último mês disponível para consulta). O aumento é de 20% em relação aos primeiros dez meses de 2010, quando foram feitas 27,9 mil reclamações. Os pedidos de reparos representam 5% do total de reclamações no órgão, que recebeu entre janeiro e outubro 715,6 mil registros de várias origens, desde cobranças indevidas até mau atendimento das operadoras.
O total de queixas cresceu quase no mesmo compasso do aumento no número de aparelhos celulares no país. Em 2010 eram 202,9 mil telefones e, no ano passado, o total chegou a 242,2 mil, um crescimento de 19%.
Conforme representantes dos Procons, o volume de queixas de queda de sinal ao órgão é baixo. "As pessoas ficam irritadas na hora em que precisam ligar, mas depois esquecem e raramente formalizam a queixa", afirma o coordenador do Procon de Ponta Grossa, Pietro Arnaud Santos da Silva. Para a coordenadora do Procon em Curitiba, Claudia Silvano, é importante que, antes de levar a denúncia de falta de sinal ao Procon, a pessoa ligue à operadora para registrar a queixa e anote o número do protocolo de atendimento, que serve como prova.