A queda de 2% no Índice de Confiança do Consumidor (ICC) em março foi a mais intensa desde novembro de 2008 (-3,9%). Segundo o superintendente adjunto de Ciclos Econômicos da Fundação Getúlio Vargas (FGV), Aloisio Campelo, o resultado do indicador foi derrubado pela queda de 3,8% no Índice das Expectativas (IE) em março, um dos dois sub-indicadores componentes do ICC, e que registrou o mais intenso recuo desde outubro de 2008 (-12%).

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Campelo comentou que o patamar de ICC em março, de 120,1 pontos (em uma escala de até 200 pontos), foi o menor dos últimos nove meses. No caso das expectativas, que atingiram 106,8 pontos, o nível de pontuação foi o pior em 13 meses. Para Campelo, os resultados mostram o consumidor mais cauteloso quanto aos rumos futuros da economia brasileira devido ao avanço da inflação e do aperto monetário por parte do governo.

A estimativa de inflação do consumidor para os próximos 12 meses subiu de 6,8% para 7,1% de fevereiro para março, a maior desde abril de 2009. Quanto aos juros, subiu de 64,7% para 68,5% a fatia de consumidores entrevistados que apostam em alta de juros nos próximos meses. "O consumidor já está antecipando um movimento de desaceleração na economia. Dá para dizer que o brasileiro está moderadamente pessimista" avaliou o superintendente.

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Os consumidores nas faixas mais abastadas foram os mais pessimistas em março. Na análise por faixas de renda, o ICC mostrou quedas acima da média, de 3,1% nas famílias com ganhos mensais entre R$ 4.801,00 e R$ 9.600,00; e de 3,3% nas famílias com renda mensal acima de R$ 9.601,00. O especialista da fundação comentou que os consumidores de maior poder aquisitivo normalmente contam com maior volume de informação sobre a economia brasileira, e aplicam mais em Bolsa. Ou seja: os sinais mais evidentes de um ritmo menor da economia afetariam mais o humor e os negócios dos consumidores mais abastados, na avaliação de Campelo.