Balança comercial
Exportar produtos agrícolas é "privilégio" no cenário atual, diz ministro
O ministro do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior, Mauro Borges, disse ontem que o atual perfil agrícola das exportações brasileiras é um "privilégio" no atual contexto, de recente recuperação da economia mundial e retração comercial. Na última terça-feira, o ministério divulgou o resultado da balança comercial de junho, revelando que as exportações brasileiras de produtos primários como minerais e bens agrícolas correspondem a mais de 50% da pauta comercial.
O ministro explicou que, como a variação da demanda por produtos básicos especialmente alimentos é menor do que a variação da demanda por produtos industrializados em muitos casos, supérfluos , o mercado brasileiro fica menos suscetível em relação à renda mundial. "Esse é um momento de vacas magras do comércio internacional", disse.
Televisores
Passado o efeito da Copa do Mundo, a produção de televisores voltou a desacelerar, acompanhando o movimento dos eletrodomésticos em geral. O Mundial provocou forte aumento na fabricação de aparelhos de TV, mas o impacto se concentrou no primeiro trimestre de 2014, quando a alta na produção dos eletrodomésticos da linha marrom chegou a 51,2%. Mês a mês, a magnitude de aumento na fabricação da categoria foi se reduzindo: 41,9% em março (ante o mesmo período do ano anterior); 20,9% em abril; 9,8% em maio. Os aparelhos de TV respondem por 85% da produção de eletrodomésticos da linha marrom.
Com orçamento comprimido pela inflação maior, crédito mais restrito e menos otimismo, consumidores já não compram carros novos como antes, mesmo com o incentivo oficial do IPI reduzido. Tampouco empresários, descrentes com o rumo da economia, renovam suas frotas de caminhões e máquinas agrícolas.
INFOGRÁFICO: Produção industrial brasileira recua pelo terceiro mês seguido
O resultado é o acúmulo de estoques nos pátios das montadoras e uma queda da produção do setor de veículos de 12,5% nos cinco primeiros meses de 2014. Este cenário empurrou a indústria para a sua terceira queda consecutiva em maio, segundo a pesquisa mensal de produção industrial do IBGE. O tombo do setor no mês foi ainda maior: 20,1%.
As perdas da indústria foram de 3,2% ante o mesmo mês de 2013 e 0,6% em relação a abril. No ano, o setor fabril acumula perda de 1,6%. Boa parte desse fraco desempenho vem do efeito indireto do setor automotivo, que limitou a produção de sua cadeia de fornecedores aço, tintas, vidros e outros. O peso direto do segmento é de 10% na indústria brasileira.
Para André Macedo, economista do IBGE, há um esgotamento da política de redução do IPI, aliado a menores exportações do setor sobretudo para a Argentina. A crise do país vizinho, que pode dar novo calote de sua dívida e ter retração de seu PIB, também afeta outros ramos da indústria brasileira. "Depois de muitos anos, o impacto do IPI já não é mesmo. As pessoas não compram um bem de alto valor sempre, ainda mais num cenário de confiança reduzida de consumidores", explica.
O IPI para veículos, que deveria ter voltado na última terça-feira para sua alíquota cheia (de 4% a 13%, dependendo do modelo), continuará entre 3% e 10%.
Investimento
O tombo do setor de veículos rebate nos investimentos, já que os caminhões são importantes itens dos chamados bens de capital (máquinas e equipamentos). A categoria cai desde março e somou uma perda de 5,8% no ano.
Outro componente dos investimentos no PIB, a construção, também vive um momento de paralisia, após o boom com as obras da Copa. O indicador do IBGE que mede o consumo dos insumos do setor (areia, cimento e outros) e é um termômetro do desempenho do segmento registrou queda de 3,9% de janeiro a maio. No PIB do primeiro trimestre, tanto a construção como os investimentos empurram a economia para baixo.
Crédito teria efeito mais forte do que IPI reduzido, diz Fenabrave
Agência Estado
Alterar a legislação para garantir mecanismos de retomada no caso de inadimplência em financiamento de veículos teria efeito positivo no mercado automobilístico superior à redução do IPI, avaliou ontem o presidente da Federação Nacional da Distribuição de Veículos Automotores (Fenabrave), Flávio Meneghetti.
De acordo com ele, a cada 100 contratos inadimplentes, os bancos conseguem retomar 15 veículos. Dos veículos retomados, é possível recuperar R$ 10 mil, de um tíquete médio de R$ 25 mil, em decorrência do prazo de mais de 200 dias neste processo. "O banqueiro perdeu apetite para assumir esse risco", afirma. Segundo Meneghetti, conceder empréstimo para aquisição de veículos deixou de ser bom negócio em função da "legislação ultrapassada que privilegia os maus pagadores".
Conforme Meneghetti, os bancos indicam que poderiam aumentar ao redor de 20% a concessão de crédito com um novo sistema de retomada em caso de inadimplência.
Reforma tributária promete simplificar impostos, mas Congresso tem nós a desatar
Índia cresce mais que a China: será a nova locomotiva do mundo?
Lula quer resgatar velha Petrobras para tocar projetos de interesse do governo
O que esperar do futuro da Petrobras nas mãos da nova presidente; ouça o podcast