Depois de quatro altas consecutivas, a produção industrial brasileira caiu 0,7% em abril, na comparação com março, segundo o IBGE. O resultado, segundo analistas, não sinaliza mudança na tendência de crescimento para o restante do ano, mas indica que o superaquecimento da produção não ocorre como se imaginava.Ainda assim, a indústria segue operando em patamar elevado. O índice acumulado em 12 meses, por exemplo, subiu 2,3%. Desde fevereiro de 2009, essa taxa não ficava positiva, o que evidencia a recuperação da produção. No primeiro quadrimestre, houve elevação de 18% ante igual período em 2009, variação recorde dentro da série iniciada em 1991.
Deve-se levar em conta, no entanto, a base fraca de comparação, já que os efeitos da crise abalaram a produção em boa parte de 2009. "O desempenho não indica mudança na tendência de alta e ao mesmo tempo mostra que não há aquecimento no nível que estava sendo esperado, com possibilidade de criação de gargalos mais imediatos", diz Rogério Souza, economista do Instituto de Estudos para o Desenvolvimento Industrial (Iedi).
O resultado de abril revelou novo crescimento na produção de bens de capital e de bens intermediários, mostrando que seguem ocorrendo investimentos para ampliar a capacidade industrial.
Para o pesquisador do Ipea Leonardo Carvalho, tal desempenho ajudará a "suavizar" a criação de gargalos no setor. A retração em abril veio carregada de fatores, como o fim das desonerações fiscais, que podem desacelerar a tendência de elevada expansão, acrescentou.
O IBGE revisou o resultado de março e, com isso, a indústria atingiu, naquele mês, pico histórico de produção, se considerado o período de 1991 para cá. Em março, a produção industrial avançou 3,4% antes da revisão, a alta constatada era de 2,8%.
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O setor de bens de capital registrou a décima terceira alta na comparação com o mês anterior na pesquisa. O incremento na produção das máquinas e equipamentos chega a 41% no período dos 13 meses de alta. O setor aponta a participação de pedidos para atender os investimentos em infraestrutura como segmento essencial do faturamento.