Tóquio - O governo do Japão anunciou que a economia do país recuou 12,7% entre outubro e dezembro de 2008 frente ao mesmo período do ano anterior. O resultado indica a pior contração do Produto Interno Bruto (PIB) japonês dos últimos 34 anos. Se comparado ao trimestre anterior, o PIB (que representa o total de riquezas produzidas pelo país) teve queda de 3,3%.
A economia japonesa a segunda maior do mundo, atrás somente dos Estados Unidos é altamente voltada para exportações. Com a queda na demanda dos principais parceiros comerciais em especial, EUA e Europa , o Japão vê sua economia encolher desde o início do ano passado. Entre abril e junho de 2008, o país havia registrado contração de 3% em seu PIB, enquanto de julho a setembro o recuo foi de 0,4%.
Resgate japonês
"Não resta dúvida de que esta é a pior recessão desde a Segunda Guerra Mundial", disse o ministro da Economia, Kaoru Yosano, após a divulgação dos resultados. O Japão prepara um novo pacote de estímulo econômico para combater a crise. Alguns integrantes do governo defendem uma ajuda que poderia chegar a US$ 109 bilhões em incentivos à infraestrutura e ao desenvolvimento de empresas.
O desempenho da economia oriental coloca o Japão em situação mais crítica do que outros países desenvolvidos, inclusive os EUA, epicentro da atual turbulência financeira. Para efeito de comparação: ao fim de 2008, o PIB norte-americano caiu 3,8% na taxa anualizada e 1% sobre o terceiro trimestre. A Zona do Euro, por sua vez, registrou retração de 1,5% no quarto trimestre de 2008 em relação ao período imediatamente anterior.
Apesar de ter parecido relativamente a salvo da crise num primeiro momento, o Japão vem sofrendo nos últimos meses com a queda brusca das exportações e com a valorização do iene. Nesse período, companhias gigantes, como a Sony Corporation e a Toyota Motor, demitiram em massa e ajudaram a elevar a taxa de desemprego no país para 4,4% em dezembro um crescimento de 0,5 ponto porcentual em um mês.
As vendas externas caíram à medida que os consumidores europeus e norte-americanos passaram a comprar menos carros e eletroeletrônicos. Os empréstimos também despencaram e as empresas cortaram inúmeros projetos de investimento. O mercado doméstico também travou por causa da redução dos gastos da população e do aumento das demissões.
"Parecia que o Japão ia escapar da crise. Mas agora vemos que ele é o mais atingido dos países por ser tão dependente das exportações", diz o economista-chefe do Instituto de Pesquisas Dai-Ichi Life, Hideo Kumano.
Pacote
O primeiro-ministro, Taro Aso, que enfrenta sérios problemas de popularidade, indicou que vai apresentar em abril um orçamento adicional ao Parlamento japonês. O objetivo seria financiar o terceiro plano de estímulo econômico do país, a um custo de mais de US$ 500 bilhões.
O pacote definiria o financiamento de grandes projetos públicos, como a reconstrução de aeroportos e outras obras de infraestrutura, ao mesmo tempo em que estimularia o desenvolvimento de empresas com projetos ecologicamente corretos.