Reuniões diárias fazem parte da rotina dos 650 funcionários da paranaense Pormade Portas. Junto com os executivos, a equipe sugere projetos que possam trazer resultados positivos tanto para os clientes quanto para o próprio ambiente de trabalho. Prova disso é que a varejista — que antes operava apenas para o público B2B — passou a comercializar seus produtos para o público final, após o lançamento de uma loja virtual sugerida por um de seus profissionais.
Para estimular a participação da equipe, a Pormade paga uma bonificação ao profissional que cria uma inovação para solucionar um problema ou promover uma mudança positiva na empresa, afirma Claudio Zini, diretor-presidente da fabricante de portas e acessórios.
“Controlamos o resultado do projeto por três meses e, a partir de então, pagamos ao funcionário um bônus no vale alimentação do funcionário de 20% a 50% do resultado alcançado. O profissional também pode escolher dividir o prêmio com a equipe”, explica Zini.
Na avaliação do executivo, com o intraempreendedorismo, os funcionários se sentem mais motivados a fazer parte da empresa. “Todos adquirem a mentalidade empreendedora. E é preciso que a empresa saiba dividir os lucros também”, justifica.
Como ocorre na Pormade, os funcionários são os principais agentes de inovação nas empresas, segundo pesquisa Ace Innovation Survey Report 2019, lançada em junho pela empresa de inovação. O levantamento aponta que os trabalhadores são fonte de inovação para 21,7% das empresas, seguidos pelos clientes, com 20,8% (veja os dados completos da pesquisa).
Apesar de participarem ativamente da criação de projetos, 27% dos profissionais entrevistados afirmam que a inovação parece não ter importância na empresa onde trabalham e se sentem desestimulados. Os CEOs, por sua vez, têm uma percepção diferente: 42% deles se dizem satisfeitos com as iniciativas de inovação da companhia.
“Os funcionários não têm o apoio necessário dos gestores e não estão satisfeitos com a inovação adotada pela empresa. Criticam a falta de dinheiro, a burocracia e têm medo de ficar desempregados por sugerirem inovações intangíveis”, explica Sulivan Santiago, diretor de tecnologia da informação da ACE.
Funcionários atuam como startups em programa da Bayer
Para que os funcionários tenham o espaço necessário para compartilhar ideias e participar do dia a dia da empresa, a Bayer criou há dois anos o Catalyst Box. No programa global, os funcionários inscritos atuam como uma startup e utilizam metodologias modernas de trabalho, como design thinking e lean.
O projeto tem duração de 12 semanas, período em que os profissionais participam de curso online, têm acesso à mentoria e recebem material online e crédito para desenvolver protótipos. De acordo com Camila Navarro, gerente de inovação da farmacêutica e química, os funcionários têm de 10% a 20% do carga horária de trabalho semanal alocado no programa.
“O Catalyst é um novo modelo de trabalho e uma nova forma para o funcionário participar do mercado. Além da capacitação, o projeto aumenta a visibilidade do profissional na empresa”, destaca Camila.
Na primeira edição do programa, Thiago Junqueira, 34, gerente de estratégia e engajamento de clientes da Bayer, criou o AgroServices Space, espaço de cowork e produção de conteúdo voltado ao agronegócio. “Participar do projeto fez com que eu me descobrisse. Nos arriscamos de uma forma diferente e contagiante”, diz.
Diferente do projeto da Pormade, o da Bayer não oferece bônus financeiro aos funcionários, mas sim treinamentos de empreendedorismo e mentoria com coaches aos interessados em contribuir com o crescimento da multinacional. O objetivo é que eles entendam o passo a passo para transformar uma ideia em um negócio bem-sucedido.
Um negócio de pé em seis meses? Brasileiros são precoces ao abrir uma empresa
E empreender exige mesmo planejamento. A pesquisa da Ace também mostra que os brasileiros são precoces na hora de empreender (abrindo uma nova empresa ou executando um novo projeto dentro da empresa). Enquanto a média de tempo para lançamento de uma ideia no Brasil é de 6 meses ou menos para 35% dos empreendedores, no exterior o percentual cai para 9%.
Na avaliação de Arthur Igreja, palestrante do TEDx e professor da FGV (Fundação Getulio Vargas), a rapidez com que os brasileiros abrem uma nova empresa deve acender uma alerta, e não ser comemorada.
“O brasileiro improvisa muito. A agilidade é uma qualidade, mas o índice de mortalidade das empresas no Brasil mostra que é preciso planejar mais. A ansiedade no lançamento de um negócio também está ligada ao empreendedorismo por necessidade. Com o alto desemprego, empreender acaba sendo a única solução para geração de renda no país”, analisa o especialista.
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