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Dois "pais" do Real

Quem são os escolhidos de Lula para cuidar da economia na equipe de transição

Equipe econômica da transição
Fachada do Ministério da economia na Esplanada dos Ministérios (Foto: Marcello Casal Jr/Agência Brasil)

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O vice-presidente eleito e coordenador da transição de governo, Geraldo Alckmin (PSB), anunciou nesta terça-feira (8) os nomes da equipe econômica que vão atuar durante os trabalhos que se estenderão até a posse do presidente eleito Luiz Inácio Lula da Silva (PT). A informação era bastante aguardada pelo mercado financeiro.

Em coletiva de imprensa no Centro Cultural Banco do Brasil (CCBB), sede do gabinete de transição governamental, em Brasília, Alckmin revelou que o grupo técnico da área de economia será coordenado pelos economistas André Lara Resende, Guilherme Mello, Nelson Barbosa e Pérsio Arida.

O nome de Resende já havia sido antecipado como integrante da transição. Ele e Arida são dois dos “pais” do Plano Real, que acabou com a hiperinflação no Brasil na década de 1990, e ambos anunciaram voto em Lula no segundo turno da eleição. Resende foi presidente do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) no governo de Fernando Henrique Cardoso (1995-2002) e na eleição de 2018 assessorou a candidata à Presidência Marina Silva (Rede Sustentabilidade).

Em entrevistas em anos recentes, Resende defendeu ousadia na adoção de políticas públicas para permitir a retomada econômica e incremento na capacidade produtiva. Ele é também um crítico da política de juros como ferramenta para conter a inflação. Para Resende, a Selic elevada não contribui para segurar os preços e ainda tem impacto na dívida pública e no baixo crescimento.

Pérsio Arida é próximo a Alckmin e, além de ter atuado na formulação do Real, foi presidente do BNDES e do Banco do Brasil, também no governo FHC. A presença dele no grupo é vista como uma sinalização de compromisso do futuro governo Lula com a responsabilidade fiscal. Historicamente, Arida defende temas aos quais o PT já se mostrou avesso, como a privatização de estatais.

Nelson Barbosa foi ministro da Fazenda e do Planejamento no governo Dilma Rousseff (PT), além de ter ocupado as secretarias de Política Econômica e de Acompanhamento Econômico do Ministério da Fazenda no governo Lula, entre 2007 e 2010, e esteve na secretaria executiva da pasta entre 2011 e 2013, também, sob Dilma Rousseff.

O economista Guilherme Mello foi indicado pelo PT e corrobora com a linha que defende o papel do governo como indutor da economia. É professor da Unicamp, integra a Fundação Perseu Abramo e apareceu como porta-voz para a área econômica durante a campanha eleitoral deste ano. É o único dos quatro que não tem uma experiência anterior de governo.

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Após anunciar os nomes do grupo técnico econômico, Alckmin reforçou que a participação desses integrantes na equipe de transição não tem necessariamente relação direta com o futuro ministério, conforme já externou anteriormente o próprio Lula. “Podem participar [do futuro governo], podem não participar, mas são questões bastante distintas. Este é um trabalho de 50 dias, de agora até a posse”, frisou o vice-presidente eleito.

Alckmin também negou que os economistas da transição tenham "linhas divergentes". Falou em “visões complementares”, classificadas por ele como característica importante em um grupo técnico do tipo.

Ainda segundo o coordenador da transição governamental, esses grupos técnicos podem crescer, não havendo limitações numéricas para sua composição. Os núcleos devem aumentar, por exemplo, com a sugestão de nomes a serem feitos por partidos que concordaram em participar da transição. À medida que isso ocorrer, eles serão incorporados, disse o futuro vice-presidente.

Também perguntado sobre uma possível participação de outro ex-ministro da Fazenda Guido Mantega, Alckmin afirmou que ele estará na transição, mas deu a entender que estará em outro grupo temático, que não o econômico. A transição coordenada por Alckmin será conduzida a partir de 31 grupos técnicos.

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