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Está se desenhando um novo e estranho debate sobre os cartões de crédito e suas taxas. Como o leitor deve lembrar, bancos e administradoras de cartão estão sob pressão para baixar seus juros, que se mantêm estáveis há 30 meses, na faixa de 238% ao ano.

Um dos principais pontos de discussão diz respeito às compras parceladas – em especial aquelas que as lojas anunciam como "sem juros no cartão". As aspas são porque eu não acredito nisso – como o leitor mais antigo e mais atento desta coluna já deve saber. Qualquer rede de lojas que se proponha a vender alguma mercadoria em 10 ou 12 parcelas está incluindo juros ocultos no preço. São os tais juros invisíveis a que o repórter João Pedro Schonarth se refere na reportagem da página 18.

Como resolver essa questão? Uma primeira proposta, mencionada por representantes do Banco Central, foi abolir esse tipo de operação. Ninguém gostou da ideia. Outra sugestão, esta defendida pelo Itaú Unibanco, é cobrar adicionais dos comerciantes pelas compras parceladas. Os lojistas são absolutamente contra.

O leitor Augustinho explica por quê. "Quase ninguém fala das tarifas abusivas cobradas dos comerciantes: aluguel de terminais, e outras despesas que terão de ser repassadas aos preços", queixa-se ele. De acordo com o leitor, em alguns casos as tarifas cobradas pelas administradoras pesam mais que o imposto devido ao governo. Essas cobranças podem somar até 6% do valor vendido, no caso de compras a prazo. "Mais em torno de 3% se o comerciante for fazer o adiantamento dos recebíveis", acrescenta. Essa é uma operação em que o banco paga no dia o valor devido ao comerciante. Pela regra normal da operação, o lojista só recebe da administradora um mês depois da venda. Cobrar do comerciante, então, é uma solução que salva a rentabilidade da administradora do cartão, mas sobrecarrega uma das partes. Alivia o consumidor, pesa sobre o comerciante.

Se estiver mesmo disposto a exercer seu papel de fiscalizador e regulador nessa área, o Banco Central deveria analisar as relações das empresas de cartões com todos os seus clientes. Não faz sentido que os juros para o consumidor caiam se o lojista tiver de pagar mais – inclusive porque o comerciante vai "pendurar" mais essa conta no preço, elevando a conta do seu cliente final.

Chega de juros ocultos. Se for para parcelar, lojista e administrador de cartão precisam deixar claro qual é a taxa da operação.

Pergunta

O leitor Fabiano tem um carro financiado pelo CDC do banco Bradesco e pergunta: "Com a queda dos juros eu posso pedir para renegociarem meu financiamento?"

Fabiano, nada impede que você procure o gerente do banco e busque uma renegociação. O mais provável, entretanto, é que a instituição não queira baixar nada, já que o contrato está em vigor. Se puder, procure antes um dos bancos oficiais que estão baixando taxas e peça informações sobre portabilidade de crédito. Que juros eles ofereceriam se você transferisse sua conta para lá? Com as contas feitas, volte ao banco original para ver o que ele pode fazer. Quem sabe dá certo?

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