Com 9 milhões habitantes, menos que a população da cidade de São Paulo (12 milhões), Israel é considerado um dos principais polos de inovação do mundo. O país abriga 400 centros de pesquisa e desenvolvimento e 6 mil startups ativas — o maior número de negócios per capita do mundo, um para cada 1,8 mil habitantes. Anualmente, 700 empresas são lançadas no país.
Fazer negócios com o país, contudo, não é fácil, principalmente para os brasileiros. A cultura israelense é bastante diferente da latina e o mercado oriental é seletivo para parcerias e investimentos, retratou o cidadão israelense Daniel Skaba, fundador do IBI-Tech, empresa que estimula negócios entre as duas nações. “Israel começou a exportar tecnologia que criou por necessidade própria, já que está no deserto e vive em guerra. Há 400 startups que atuam no setor automobilístico, mas não existe uma fábrica de carros em Israel. Isso mostra que o país olha mais para o mercado global do que para si mesmo”, comparou ele
Nascido no Rio de Janeiro (RJ), o executivo se mudou para Tel Aviv, na costa do Mar Mediterrâneo, há 26 anos, para estudar engenharia na Technion, uma das melhores universidades de tecnologia do mundo. “Para fazer negócios com israelenses, é preciso chegar com um bom projeto e saber se vender. Como o mercado deles está aquecido, até investimento virou commodity”, explicou Skaba, em evento organizado pelo Pinhão e Koiffman Advogados no Cubo Itaú, maior hub de inovação da América Latina, nesta quinta-feira (10/10).
Objetividade e menos burocracia
De acordo com Skaba, os israelenses sentem dificuldades para negociar com os brasileiros porque são mais objetivos, enquanto os latinos conversam mais e demoram para dizer não. “A tecnologia desenvolvida em Israel é levada rapidamente ao mercado porque há menos burocracia, inclusive a do Exército. A BRF esteve no país este mês para conhecer um produto bélico que pode ser adaptado para conter salmonela em galinheiros”, disse ele, retratando a facilidade com que um produto militar pode ser vendido à iniciativa privada.
As universidades também lançam produtos com apelo mundial. Segundo o engenheiro, a Universidade de Jerusalém, na capital israelense, patenteou recentemente uma tecnologia que permite retirar açúcar de sucos naturais — solução que pode beneficiar empresas brasileiras, uma vez que o país que é líder mundial na produção de suco de laranja.
Além do setor alimentício, Skaba destacou que o país oriental também é referência em inovação em saúde, educação, agronegócio, finanças e energia. Não à toa, Huawei, Alibaba, Apple, Google, IBM, Johnson & Johnson estão entre as gigantes que têm centros de pesquisa e desenvolvimento no país. “Há mundos distintos em Israel: o de inovação e o geopolítico. Por isso, todo mundo é empreendedor, mesmo quando é contratado em uma empresa. Não há hierarquia. Você será ouvido, se tiver o que dizer”, conclui.
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