A falta de troco na loja de material de construção da família do empresário Leonardo Xafranski, em Lages (SC) – na verdade um problema corriqueiro em todo comércio brasileiro –, inspirou o modelo de negócio da Troco Simples. Na dificuldade diária de fornecer moedas de troco, o estabelecimento criou o conceito de cofrinho para o estabelecimento, ao registar créditos para a clientela, podendo ser usados em uma próxima compra. Xafranski, hoje CTO da startup, teve então a ideia de criar um aplicativo para modernizar o sistema da loja e permitir que o consumidor tivesse acesso ao saldo.
Dados os custos para o desenvolvimento do app, por que não criar uma plataforma de uso geral? Nasceu então, há quase dois anos, a Troco Simples, hoje com toda a operação em Curitiba e comandada por quatro sócios. A startup torna o troco digital e ainda faz as moedinhas renderem 6% ao ano – pouco acima dos 5% da poupança. A plataforma está em cerca de 150 estabelecimentos da região de Curitiba e passará da casa dos mil em todo país a partir de setembro, quando serão ativados novos contratos.
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Até o final do ano a Troco Simples deverá contemplar cerca de 10 mil comércios no país. A meta é fechar 2019 com mais de 30 mil, que deverão gerar mais de 1 milhão de trocos e um faturamento de R$ 4 milhões para a startup. Por trás da expansão do negócio estão mentorias de profissionais de grandes empresas, como B3, Bolsa Bovespa, RTM, Transunion e Neoway, e investimentos na melhoria da tecnologia. A Troco Simples recebeu um aporte inicial, da Curitiba Angels, no valor de R$ 530 mil, e foi acelerada pela Darwin Startups e Idexo (TOTVS), revela o diretor executivo da empresa, Anderson Locatelli.
Neste momento, a Troco Simples passa por um processo de valuation, para uma rodada maior de investimentos nos próximos 60 dias. Na versão atual, o usuário baixa o aplicativo gratuitamente para se cadastrar, informando número de CPF. Ao realizar a compra em um estabelecimento parceiro, pode optar por deixar o troco no app e usá-lo para comprar créditos de celular ou futuramente em nova compra na própria loja, garantindo um destino para as moedas.
É possível ainda transferir o crédito para uma conta bancária de instituições homologadas ou pagar boletos (para estes casos é bom ter uma boa quantidade de moedas, pois, como o próprio app informa, as operações têm custos de R$ 3,99 e R$ 1,99, respectivamente). Uma versão mais moderna da plataforma será lançada em aproximadamente 30 dias. “A comodidade será muito maior. Logo bastará apenas informar o CPF no local da compra para o troco cair na conta do app ou mesmo digitar seu PIN para usar o saldo de trocos como parte do pagamento, sem a necessidade de baixar o APP.”
A Troco Simples gera de 40 a 45 trocos por dia, no valor de R$ 2 em média. O usuário não paga pelo uso da plataforma. A startup monetiza a operação por meio de planos cobrados das parceiras, que variam de R$ 400 a R$ 1 mil ao ano, dependendo do porte e do segmento. A empresa que integra a plataforma ao seu comércio garante, segundo Locatelli, uma economia anual aproximada de R$ 2 mil, eliminado custos como de transporte de valores ou arredondamento na hora da entrega de troco.
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McDonald’s e Los Paleteros aderiram ao troco digital
Com as parcerias firmadas e investimentos, a projeção é que em cinco anos a plataforma esteja disponível em mais de 100 mil estabelecimentos comerciais, entre lanchonetes, supermercados, cafés, lojas e mesmo em clínicas e outras empresas de serviço. Uma das primeiras a aderirem à Troco Simples em Curitiba foi a marca de sorvetes mexicanos Los Paleteros.
A franquia de fastfood McDonald’s Drive Barigui já opera com mais de 25% das vendas em dinheiro com troco através da Troco Simples. “Ela passa por uma fase de testes e, conforme os resultados, expandirá o uso da plataforma para todas as lojas e quiosques do franqueado na cidade. Outros estabelecimentos, como Whatafuck, Victoria Villa e Guiolla Hamburgueria, são parceiros encontrados no app, entre os mais de 50 estabelecimentos cadastrados na capital paranaense.
“Não é de hoje que o comércio gasta tempo e dinheiro para conseguir trocar dinheiro e moedas e servir bem seu cliente. Não vejo mais volta, tornar o troco digital e ainda fazer ele render é realidade no nosso país com a plataforma”, aponta o diretor comercial da plataforma, Guilherme Belotto.