A primeira grande usina de biogás do país a vencer um leilão de geração de energia começa a sair do papel. A Raízen, das marcas Cosan e Shell, e a paranaense Geo Energética vão investir R$ 153 milhões na construção de uma térmica de biogás produzido a partir de subprodutos da cana-de-açúcar.
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Com capacidade aproximada de 21 megawatts (MW), a planta está sendo construída junto à unidade Bonfim, da Raízen, na cidade de Guariba, no interior de São Paulo. O local é estratégico: a unidade é a segunda maior operação da Raízen, com capacidade para moer cinco milhões de toneladas de cana por ano. Maior produtora de açúcar e etanol do Brasil, a Raízen detém 85% das ações da joint venture criada em parceria com a Geo Energética para desenvolver o projeto.
A usina térmica vai gerar eletricidade a partir de dois subprodutos da cana: a torta de filtro, um resíduo proveniente da filtragem do caldo da cana, e a vinhaça, gerada na produção do etanol. A combinação dos dois permitirá uma produção de até 138 mil MWh por ano. Desse total, 96 mil MWh serão vendidos ao mercado regulado de energia e o restante da energia poderá ser negociado no mercado livre ou, então, comercializado por meio de outros contratos.
Em 2016, a Raízen venceu o leilão de energia nova da Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel) com o projeto da usina de biogás, a primeira do país em larga escala. Chamado de A-5, o leilão prevê a entrega da energia contratada a partir de 2021.
Tecnologia feita em casa aproveita 100% da cana
Se a Raízen tem matéria-prima de sobra, a Geo Energética, de Londrina, no Norte do Paraná, desenvolveu uma tecnologia própria de aproveitamento dos resíduos da cana. A empresa já utiliza a torta de filtro, vinhaça e palha de cana na geração de energia a partir de biogás em uma usina com capacidade de geração de até 4 MW de energia, instalada ao lado da Coopcana, uma cooperativa de produtores rurais em Paraíso do Norte, no Noroeste do Paraná. A energia gerada é vendida no mercado livre.
Segundo o diretor da GEO Energética, Alessandro Gardemann, a grande vantagem é o reaproveitamento de subprodutos da cana que antes eram utilizados apenas como adubo para gerar mais energia com a mesma quantidade de cana. E, ainda melhor, próximo do ponto de produção.
“Desenvolvemos uma tecnologia em que você pega esses insumos, faz energia e devolve para o campo como adubo. O resultado é mais energia com menos custo. Felizmente o mercado começa a reconhecer essas externalidades”, afirma Gardemann.
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