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A edição de 2022 do Ranking de Competitividade dos Estados, publicada neste mês, evidencia os contrastes do Brasil. As dez unidades da federação mais bem posicionadas no levantamento, realizado pelo Centro de Liderança Pública (CLP) em parceria com a consultoria Tendências, estão nas regiões Sudeste, Sul e Centro-Oeste. E as dez últimas são das regiões Norte e Nordeste.
Nos rankings setoriais, apenas um é liderado por estados que não pertencem às regiões Sul, Sudeste ou Centro-Oeste. Trata-se da lista dos melhores potenciais de mercado, encabeçada por três estados do Norte: Amazonas, Roraima e Amapá. Fora esse, Amazonas e Roraima ocupam o pódio do ranking de capital humano, como 2.° e 3.º colocados, respectivamente.
O ranking geral elenca São Paulo, Santa Catarina, Paraná, Distrito Federal e Mato Grosso como as cinco unidades da federação mais competitivas do país. A lista leva em consideração o desempenho nas áreas de educação, infraestrutura, sustentabilidade ambiental e social, segurança pública, inovação, eficiência da máquina pública, capital humano e potencial de mercado.
Confira a seguir quem se sai melhor em cada quesito.
Os melhores estados em infraestrutura
Um dos principais desafios à melhoria da competitividade do Brasil, juntamente com a educação, é a infraestrutura. Segundo o CLP, o quadro é ruim em decorrência do baixo nível de investimento. Os desembolsos em infraestrutura caíram drasticamente dos anos 1970 para cá, passando do equivalente a 5% do PIB para não mais que 2%.
Outro problema é a má alocação de recursos públicos, bem como as deficiências de políticas regulatórias para os diferentes segmentos de infraestrutura.
Na comparação entre os rankings de 2021 e 2022, o estado que mais avançou nesse quesito foi o Mato Grosso, um dos principais polos do agronegócio. Ele saltou de oitavo para o terceiro lugar, com grandes melhorias na qualidade das rodovias e dos serviços de telecomunicações; "backhaul" de fibra ótica e acessibilidade do serviço de telecomunicações. A principal deficiência é a disponibilidade de voos diretos.
Os líderes:
- São Paulo
- Santa Catarina
- Mato Grosso
Os melhores estados em sustentabilidade social
A sustentabilidade social mede o grau de eficiência da atuação governamental para reduzir a vulnerabilidade do indivíduo em diferentes estágios de vida. “[Ele] traz indicadores para verificar a taxa de sucesso dos entes estaduais em contribuir para diminuir as vulnerabilidades”, diz relatório do CLP.
Há um grande contraste regional neste ranking setorial. Estados do Sul e Sudeste, mais o Distrito Federal, aparecem nas primeiras posições. E unidades da federação do Norte e do Nordeste ocupam as últimas.
O Amazonas teve o maior avanço neste pilar, ganhando seis posições desde 2021 e chegando à 18.ª. Os avanços ocorreram, principalmente, nos indicadores de mortalidade precoce, desigualdade de renda, obesidade na infância e mortalidade na infância.
Os lideres
- Santa Catarina
- Distrito Federal
- Rio Grande do Sul
Os melhores estados em segurança pública
O CLP considera que a segurança pública é o serviço que melhor expressa o funcionamento das instituições de Estado, já que a construção da ordem e a proteção aos direitos individuais ao longo da história foram essenciais para a construção de um ordenamento virtuoso para o desenvolvimento. “A segurança pública, no limite, é a dimensão que separa os países com equilíbrio virtuoso para o desenvolvimento dos 'Estados falidos'”, destaca o documento.
Estados do Sul, mais o Distrito Federal e São Paulo, ocupam as cinco primeiras posições do ranking. Quem mais teve avanços entre as unidades da federação desde 2021 foi o Rio de Janeiro, que ganhou seis posições, saindo da penúltima posição para a 20.ª. A melhoria relativa ocorreu nos indicadores de presos sem condenação, mortes a esclarecer e segurança patrimonial.
Os líderes
- Santa Catarina
- Distrito Federal
- Paraná
Os melhores estados em educação
Um dos grandes desafios para ampliar a competitividade brasileira é a educação. O CLP considera que há um amplo conjunto de medidas que precisam ser tomadas para reverter a situação. E elas não passam somente pela melhoria da qualificação e dos salários dos professores. “A melhoria da gestão das unidades educacionais deveria estar no centro das prioridades”, cita o relatório de competitividade.
Sergipe teve o maior avanço neste segmento, ganhando oito posições e chegando à 15.ª no ranking de 2022. Melhorias relativas foram registradas nos indicadores de taxa de frequência líquida do ensino fundamental e avaliação da educação, taxa de atendimento do ensino infantil e taxa de frequência líquida do ensino médio.
Os líderes
- São Paulo
- Minas Gerais
- Santa Catarina
Os melhores estados em eficiência da máquina pública
O CLP considera que a profissionalização e o desenvolvimento de canais institucionais para reforçar a meritocracia no interior da administração pública não são apenas centrais na competitividade, como, também, partes fundamentais no debate sobre a qualidade da democracia.
“O pilar de eficiência da máquina pública guarda relação central com a atual conjuntura política brasileira. A sociedade brasileira assiste aos efeitos políticos do processo de mudanças econômicas e sociais ao longo das últimas décadas. O eleitorado demanda progressivamente a melhoria dos serviços públicos como mecanismo para reforçar seu bem-estar.”
Estados do Sul têm a melhor qualificação no ranking, mas quem mais exibiu avanços foi o Rio de Janeiro, que ganhou nove posições em relação à edição anterior do ranking, passando do 14.° para o 5.º lugar.
Os fluminenses registraram melhorias relativas nos indicadores de qualidade da informação contábil e fiscal, eficiência do judiciário, oferta de serviços públicos digitais, equilíbrio de gênero no emprego público estadual, prêmio salarial público-privado e equilíbrio de gênero na remuneração pública estadual.
Os líderes
- Santa Catarina
- Paraná
- Rio Grande do Sul
Os melhores estados em capital humano
Um dos principais gargalos ao desenvolvimento econômico e social do país está relacionado ao baixo nível de qualificação da mão de obra.
O ranking de capital humano considera indicadores de qualificação de trabalhadores, medido pelo número de anos de escolaridade e pela proporção dos que tem ensino superior; a relação com a produtividade, dada pela razão entre o PIB e a população ocupada; e também os custos com a mão de obra.
Os estados que mais melhoraram neste pilar foram Roraima e Bahia, com avanços de sete posições. O primeiro passou da 10.ª para a 3.ª posição e o segundo, da 17.ª à 10.ª. O mesmo fator influenciou na melhoria da posição das duas unidades da federação: custo da mão de obra.
Os líderes
- Distrito Federal
- Amazonas
- Roraima
Os melhores estados em sustentabilidade ambiental
O Centro de Liderança Pública destaca que o padrão de desenvolvimento econômico brasileiro de longo prazo pode ser duramente comprometido por causa de restrições ambientais mais severas. E isso é mais evidente no agronegócio, na mineração e indústria.
O relatório da instituição aponta que essas restrições vêm se tornando cada vez mais visíveis, “transformando externalidades negativas até então pouco tangíveis em custos e prejuízos econômicos concretos no curto prazo”. Para a entidade, o Estado tem um papel fundamental como indutor de um padrão ambientalmente sustentável de desenvolvimento econômico.
O estado que teve mais avanços na sustentabilidade ambiental foi Roraima, que saltou 13 posições em relação a 2021, chegando ao 12.º lugar no ranking deste ano. Suas principais melhoras foram nos indicadores de emissão de dióxido de carbono e destinação do lixo.
Os líderes
- Paraná
- São Paulo
- Distrito Federal
Os melhores estados em potencial de mercado
O potencial de mercado avalia o tamanho do PIB de cada estado, a dinâmica de crescimento nos últimos quatro anos e o crescimento potencial da força de trabalho nos próximos dez anos.
“Estados com economias mais dinâmicas também abrem mais oportunidades de investimento, gerando um ciclo virtuoso de competitividade e desenvolvimento econômico”, informa o CLP. E um dos indicadores determinantes no crescimento potencial de longo prazo é o ritmo de expansão da população em idade de trabalho.
Um levantamento divulgado no início do mês pelo Banco do Brasil aponta que os estados que terão o maior crescimento do PIB neste ano são Mato Grosso, Tocantins e Roraima.
As unidades mais bem colocadas no ranking de potencial de mercado do CLP estão no Norte do país. As que mais avançaram são Pernambuco e Minas Gerais, com um salto de cinco posições: o primeiro chegou ao 11.° lugar no ranking e o segundo, ao 14.°. Nos dois estados, o motivo da melhora é o mesmo: a taxa de crescimento das economias estaduais.
Os líderes
- Amazonas
- Roraima
- Amapá
Os melhores estados em inovação
Segundo o CLP, a teoria econômica moderna considera que a inovação é a peça-chave para o crescimento e desenvolvimento econômico de longo prazo, pois promove ganhos de produtividade que possibilitam que pessoas e organizações produzam, novos e melhores produtos e serviços a custos menores.
A entidade destaca em relatório que o ambiente ideal para o surgimento de inovações combina a presença de competição com ações de fomento à pesquisa e desenvolvimento: “Não é à toa que as maiores inovações surgem, atualmente, do trabalho conjunto entre o setor privado, a academia e institutos de pesquisa, e o setor público”.
As unidades da federação que mais avançaram nesse ranking em 2022 foram Paraíba e Maranhão, com salto de sete posições. O primeiro estado está em quinto no ranking e foi impulsionado pela melhoria nos indicadores de patentes, empreendimentos inovadores e bolsa de mestrado e doutorado.
Já o Maranhão passou a ocupar a 18ª posição no ranking, influenciado pelo ganho de posição nos rankings de patentes e bolsa de mestrado e doutorado.
Líderes
- Rio Grande do Sul
- São Paulo
- Paraná