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Aparelhos de GPS estão com o preço em queda e se popularizando | Reprodução/Globo Online
Aparelhos de GPS estão com o preço em queda e se popularizando| Foto: Reprodução/Globo Online

Operadoras aguardam leilão com ansiedade

O presidente da Claro, João Cox, não esconde uma certa inquietação com os questionamentos da Agência Nacional de Telecomunicações (Anatel) a respeito da possibilidade ou não do funcionamento de redes de terceira geração (3G) na faixa de 850 MHz. De acordo com o executivo, a operadora já montou uma estrutura de 3G nesse espectro, e bastaria o OK do órgão regulador para que ela começasse a funcionar. No Paraná, isso não ocorreria, entretanto, pois a TIM é que possui essa freqüência no estado.

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Florianópolis – O ministro das Comunicações, Hélio Costa, deixou claro em seu discurso de abertura do Futurecom, evento de tecnologia que ocorreu em Florianópolis na semana passada, que a terceira geração (3G) da telefonia celular se tornou prioridade no governo. De acordo com ele, a tecnologia tem o poder de ser o principal canal de inclusão digital do Brasil. A lógica é a seguinte: a 3G transforma celulares em verdadeiros terminais de banda larga; e o telefone móvel, por sua vez, é o eletrônico de popularização mais rápida da história, com mais de 110 milhões de usuários no Brasil. O resultado da terceira geração poderia ser, portanto, uma grande parcela da população com bom acesso à internet.

A Agência Nacional de Telecomunicações (Anatel) aproveitará o leilão de novas faixas de freqüência – previsto para ocorrer em novembro – para impor regras de universalização da telefonia celular por meio da 3G. Cidades com menos de 30 mil habitantes, por exemplo, precisarão de atenção especial das operadoras. Em até 60 meses depois do início da exploração dos serviços, 60% dos municípios pequenos deverão ter acesso à 3G; os outros, por sua vez, terão de ter pelo menos acesso à 2G. Ou seja, não estamos falando só de investimentos em redes 3G, mas também em redes "básicas" Brasil afora. Isso é importante, principalmente quando se leva em consideração que menos de 300 (ou 5% do total dos) municípios brasileiros têm serviços de banda larga disponíveis.

Mas a exigência cria desconforto entre as telefônicas. Algumas delas passaram anos pagando os investimentos realizados na criação de suas redes e, com a chegada da 3G, um novo e grande montante terá de ser despendido. Essas operadoras não queriam gastar tudo de novo, haja vista que a oferta da nova tecnoligia vai demandar a compra de redes novas e/ou uma adequação das já existentes, e, portanto, fizeram tudo que estava ao seu alcance para atrasar o leilão da Anatel.

Mesmo assim, há operadoras que já mostraram interesse no 3G e vêm, há alguns anos, galgando degraus que as levarão ao mundo da terceira geração da telefonia celular. Um bom exemplo é a Vivo. Desde 2005, a operadora reclama o título de fornecedora de serviços 3G, com a rede EV-DO funcionando em 24 municípios brasileiros. A Vivo também pode ter colocado seus tentáculos na tecnologia antes das concorrentes porque acabou de adquirir a Telemig Celular, operadora que já está realizando testes de W-CDMA/HSDPA, a tecnologia que deve ser adotada como padrão de 3G aqui no Brasil. Outra que está prontinha para largar na frente na oferta da 3G é a Claro, usando a freqüência de 850 MHz (leia abaixo).

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A tecnologia HSDPA de 3,6 megabits por segundo (Mbps), que deve estrear no país, permite videochamadas e baixar uma música inteira no celular em menos de 45 segundos. Além disso, jogos em três dimensões (3D), acesso a redes sociais e de relacionamento virtual, como MySpace, Orkut e YouTube, e aplicações corporativas mais completas serão cada vez mais comuns nos aparelhos móveis. E isso é só o começo, diz o presidente da Qualcomm do Brasil, Marco Aurélio Rodrigues. "Os upgrades para velocidades superiores, de 7,2, 14,4 e 28 Mbps, necessitam de investimentos marginais das operadoras. Então, logo depois de o 3G estrear no Brasil, poderemos ter ainda mais velocidade na transmissão de dados para celulares", diz.

A implantação da terceira geração no Brasil tem tudo para seguir os passos do processo em andamento na Europa. O Velho Continente – diferentemente de Coréia do Sul e Estados Unidos, onde a tecnologia CDMA é dominante – tem uma base de celulares GSM gigantesca, como o Brasil, e assiste a um crescimento na base de assinantes de serviços 3G. Hoje, pouco mais de 10% dos celulares europeus funcionam na terceira geração, porém recentemente a 3G atingiu 100% das vendas de novos aparelhos. Rodrigues cita a Itália como um exemplo para o Brasil. Nove em cada dez usuários italianos têm celular pré-pago, realidade similar à encontrada por aqui, mas isso não impediu o país de ter a maior taxa de penetração da terceira geração da Europa: 22%. "As vantagens da 3G percebidas pelo usuário estão nas novas funções dos aparelhos e também na cobrança de pacotes de dados a preços fixos e cada vez mais baixos", cita o executivo.

A norte-americana Qualcomm, apesar de desconhecida da grande maioria dos usuários, é a segunda maior empresa de telecomunicações do mundo, atrás apenas da finlandesa Nokia – com quem, aliás, tem disputas e brigas homéricas. Ela alcançou essa posição, e ficou acima de outros gigantes do setor (como Motorola, Ericsson e Siemens), ao investir pesado na pesquisa e no desenvolvimento de tecnologias poderosas para o tráfego de dados sem fio. Hoje, a Qualcomm detém mais de 30% do mercado de chips para celulares no mundo – segmento em que compete com a já mencionada Nokia, além de Texas Instruments, NEC, Broadcom, entre outras – e é dona de grande parte das patentes sobre processos de fabricação de placas de 3G. Nada mais natural, portanto, que seja uma das maiores incentivadoras da terceira geração no Brasil.

O jornalista viajou a convite da Qualcomm

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