O Brasil está em posição de ter seu rating elevado neste ano, enquanto a perspectiva para que a Colômbia seja alçada a grau de investimento é boa, disse nesta quarta-feira (30) uma importante analista de crédito para a América Latina da Fitch Ratings.
Brasil e Colômbia se mostraram resilientes à crise econômica global em 2008 e, como outras nações da região orientadas pelo mercado, demonstram um bom momento econômico, afirmou Shelly Shetty, chefe de ratings soberanos para a América Latina da Fitch.
"A perspectiva para que a Colômbia alcance o grau de investimento neste ano é boa", disse Shetty em entrevista ao Reuters Latin American Investment Summit, em Nova York. "O Brasil também é um forte candidato a ser elevado pela Fitch neste ano", acrescentou.
A Fitch quer se sentir mais confortável com as políticas ficais dos governos brasileiro e colombiano, antes de conceder a esses países uma melhora na nota de crédito, disse Shetty.
O Brasil está dando sinais positivos no que se refere a restrições fiscais, mas a Fitch quer ver se o governo pode cortar do Orçamento deste ano 50 bilhões de reais, como prometido. A agência também quer saber se Brasília pode dissipar temores de que a economia esteja superaquecida.
"Temos que julgar quão críveis e factíveis esses cortes de gastos vão ser e também se essas melhorias são suficientes para concedermos uma elevação para o (rating do) Brasil", afirmou Shetty.
A perspectiva de um "boom" no setor de mineração é positiva para a Colômbia, mas a Fitch está observando se isso pode promover estabilidade macroeconômica, segundo a analista.
A Fitch se impressionou com o fato de Bogotá não só resistir à crise, mas também a uma forte queda no comércio com a Venezuela, tradicionalmente seu maior mercado exportador.
"O fato de prevermos um 'boom' no setor de mineração na Colômbia nos deixa mais confortáveis com as expectativas de médio prazo e é outra razão para revisarmos a perspectiva para 'positiva'", disse Shelly.
O que prejudica as perspectivas positivas para Brasil e Colômbia é a capacidade desses governos de manter a inflação razoavelmente controlada, ao mesmo tempo em que preveem crescimento econômico, segundo ela.
Contudo, disse alcançar as metas de inflação todos os anos não é necessário para manter um rating na faixa de grau de investimento mais baixo.
"O que queremos são boas projeções de crescimento com baixa inflação", afirmou Shetty. "Respeitar consistentemente as metas de inflação não é o que estamos buscando nesses países. "O que queremos ver é expectativas de inflação controladas."
Outro fator que a Fitch observa é se o ciclo de investimento é sustentável e se está proporcionando as bases para o crescimento econômico.
A agência Moody's já disse que pretende "olhar de perto" os ratings de Brasil e Colômbia antes da metade do ano para então decidir sobre uma possível melhora na avaliação.
A Standard & Poor's atualmente é a única grande agência de risco com perspectiva estável para o Brasil, classificado por ela em "BBB-". A S&P elevou a Colômbia a grau de investimento no início deste mês.
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