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Memória

Ravedutti pôs Copel na trilha da expansão

Velório no Palácio das Araucárias: executivo será sepultado hoje, no Norte Pioneiro | Albari Rosa/ Gazeta do Povo
Velório no Palácio das Araucárias: executivo será sepultado hoje, no Norte Pioneiro (Foto: Albari Rosa/ Gazeta do Povo)
Ravedutti: quase 40 anos na Copel |

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Ravedutti: quase 40 anos na Copel

A Companhia Paranaense de Energia (Copel) perdeu ontem seu presidente. Um economista com quase 40 anos de casa que, em menos de sete meses à frente da estatal, conseguiu recolocá-la em posição de destaque no cenário energético nacional, disputando sem medo concessões de usinas e sistemas de transmissão em lugares bem distantes de sua sede. Ronald Thadeu Ravedutti morreu na manhã de ontem, aos 59 anos, vítima de acidente de carro na BR-116, em Campina Grande do Sul (região metropolitana de Curitiba).

O governador Orlando Pessuti decretou luto oficial de três dias. "[Ravedutti] sempre foi um dos meus principais articuladores na coordenação política e sempre foi uma pessoa muito próxima. O Brasil perde uma das lideranças do setor energético", afirmou o governador, na agência de notícias do governo.

O velório de Ravedutti foi realizado ontem à noite no Palácio das Araucárias, em Curitiba. Em seguida, o corpo seguiria para Santo Antônio da Platina (Norte Pioneiro), cidade natal de Ravedutti. Na manhã de hoje, o corpo será velado na Câmara Municipal da cidade, e o enterro está marcado para 11 horas, no cemitério São João Batista. Ravedutti nasceu em 5 de dezembro de 1950. Deixa a mulher, Tânia Mara Cestari Ravedutti, e três filhos, Gustavo, Fernanda e Giovanna.

Pessuti garantiu que os planos de expansão da companhia continuam em pé. Antes da mudança de governo, em janeiro, a Copel deve disputar duas licitações, uma de sistemas de transmissão e outra de hidrelétricas – duas usinas em Mato Grosso, que estão no alvo da empresa, devem exigir investimentos de R$ 4,9 bilhões. Ravedutti vinha afirmando que a empresa participaria dessas disputas com o mesmo arrojo demonstrado nos leilões anteriores.

Quem assume a presidência, temporariamente, é o diretor de geração e transmissão de energia e de telecomunicações, Raul Munhoz Neto. Funcionário de carreira, ele fica na posição até que o Conselho de Administração se reúna para deliberar a respeito da sucessão, no próximo dia 2.

Carreira

Formado em Ciências Econômicas pela Fundação de Estudos Sociais do Paraná (Fesp), Ravedutti ingressou na Copel em 1971. Sempre atuando na área financeira, passou pelos cargos de assessor da diretoria econômica-financeira (1982), gerente da divisão de empréstimo e financiamento (1982 a 1987), gerente de estudos e projetos para captação de recursos (1987 a 1992), e assistente da diretoria econômico-financeira (1993), até ocupar o cargo de diretor econômico-financeiro em 1994.

"Quando o Requião [governador na época] pediu a substituição do diretor de finanças, eu propus o nome do Ronald. Tenho muito orgulho disso, pois além de grande amigo, era um profissional competente e inteligente", destacou João Carlos Cascaes, que presidiu a companhia entre 1993 e 1994.

Posteriormente, Ravedutti assumiu o cargo de diretor de finanças em 2003 e 2004. Passou em seguida à diretoria de gestão corporativa, onde ficou até 2005, quando tornou-se diretor de distribuição. Tomou posse como presidente da Copel em 27 de abril deste ano, por indicação de Pessuti.

"Era um excelente profissional e bastante dedicado. Tinha um zelo enorme pela empresa. Foi, inclusive, um adversário ferrenho da privatização", disse o engenheiro Ivo Pugnaloni, ex-diretor de distribuição e planejamento da Copel.

Expansão

Sob o comando de Ravedutti, a companhia arrematou em junho a concessão de um sistema de transmissão em São Paulo, num empreendimento de R$ 270 milhões. Em julho, foi a vez da usina de Colíder, no Rio Teles Pires, em Mato Grosso, que receberá cerca de R$ 1,5 bilhão.

"A atuação dele mudou a face da Copel. O Ronald proporcionou que a empresa voltasse ao mercado. Voltou a investir e estava brigando por uma lei que permite a parceria com empresas privadas, claro, mantendo o controle do estado. Essa estratégia é fundamental na busca de investimento e na participação de concessões com mais força", destacou o ex-diretor da Copel Luiz Fernando Leone Vianna, presidente do conselho de administração da Associação Brasileira dos Produtores Independentes de Energia Elétrica (Apine).

Em encontro com deputados federais paranaenses na segunda-feira, Ravedutti ratificou que o plano de expansão iria continuar até o dia 31 de dezembro. No encontro, também pediu o apoio dos parlamentares para assuntos como a renovação das concessões de usinas, instalações de transmissão e das distribuidoras de energia – inclusive a da Copel Dis­tribuidora, que expira em 2015 – e o fim das restrições de crédito a empresas estatais.

Acidente

O acidente que vitimou Ravedutti ocorreu em uma curva no km 38 da BR-116, perto da Represa do Capivari. Segundo informações da Polícia Rodoviária Federal (PRF), o carro rodou na pista, que estava molhada, e capotou. O executivo acabou sendo lançado para fora do veículo pelo vidro traseiro. Também estavam no carro o motorista Sebastião Marcos da Silva e o fotógrafo Antonio Carlos Borba. Eles tiveram ferimentos leves.

Ravedutti retornava de São Paulo, onde, na terça-feira, participou do Seminário Nacional de Distribuição e acompanhou o Rodeio Nacional de Eletricistas – evento que premiou com dois primeiros lugares as equipes de eletricistas da companhia.

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