Os bancos europeus RBS, Fortis e Santander comemoram nesta segunda-feira a maior aquisição da história bancária, com a vitória de sua oferta de 71 bilhões de euros pelo ABN Amro, símbolo há dois séculos do sucesso econômico da Holanda, que eles vão desmantelar.
A oferta de compra recorde do consórcio formado pelo britânico Royal Bank of Scotland, o belgo-holandês Fortis e o espanhol Santander, que havia expirado na sexta-feira, recolheu 86% das ações do banco holandês, segundo contagem provisória anunciada pelos três estabelecimentos, que estava fixada como principal condição de sucesso a obtenção de mais de 80% do capital do ABN.
No Brasil, o ABN é dono do Banco Real.
O consórcio europeu pretende desmanchar o banco de logo verde e amarelo, distribuir suas diferentes atividades em função de suas orientações estratégicas e geográficas, e demitir até 19.000 funcionários neste processo. O RBS deve ficar com as operações do banco de varejo na Ásia e do banco comercial. O Fortis deve assumir as atividades em Benelux, após algumas vendas para preservar a concorrência na Holanda. O Santander deve ficar com as atividades italianas e brasileiras.
Os analistas previam uma vitória esmagadora da oferta do consórcio na briga pela compra do maior banco da Holanda: a quantia da operação, de mais de 49 bilhões de libras ou 100 bilhões de dólares, é a mais alta já desembolsada no setor bancário.
Sexta-feira, o banco britânico Barclays, que queria também comprar o banco com sede em Amsterdã, mas por um valor bem inferior -63 bilhões de euros na cotação de quinta-feira passada- teve de reconhecer sua derrota, porque conseguiu comprar apenas 0,2% do capital do ABN Amro.
Em comunicado, o ABN Amro indicou ter "registrado" a conquista do consórcio, que vai levar ao desmantelamento deste estabelecimento cujas raízes remontam a 1824, e que era considerado uma das jóias da economia holandesa.
O RBS, banco com sede me Edimburgo (Escócia) e iniciante desta compra gigante, ficará assim com a parte do leão, mas deve pagar a maior quota-parte, ou seja mais de 27 bilhões de euros, contra 24 bilhões para o Fortis e 20 bilhões para o Santander.
Em vez de desmantelar o banco, a direção do ABN Amro teria preferido que o Barclays ganhasse a briga, o que criaria o segundo banco da Europa e o quinto do mundo.
RBS, Fortis e Santander destacaram que vão anunciar o resultado definitivo de sua oferta até sexta-feira, assim que todas as condições regulamentares estiverem preenchidas.