O reajuste de 50% no Imposto sobre Circulação de Mercadorias e Serviços (ICMS) cobrado no Paraná, aplicado em abril, levou a inflação de Curitiba e região ao patamar mais alto entre todas as capitais pesquisadas pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). O Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) do mês passado na capital paranaense subiu para 1,46%, mais que o dobro da média nacional, que desacelerou para 0,71% e alcançou o menor índice deste ano.
A alta de abril levou Curitiba a liderar a inflação acumulada no país neste ano, com reajuste de 5,59% nos preços – já acima da meta oficial do governo (4,5%) e mais de um ponto percentual superior à média nacional (4,56%). Até março, antes do vigor das novas alíquotas de ICMS, a capital e entorno tinham a 5.ª maior inflação do país.
A elevação do tributo, que passou de 12% para 18% e incide sobre milhares de produtos de consumo básico, é a principal explicação para o fenômeno. “Esse é um imposto cobrado de quem produz e vende. Então, vai direto para o custo da mercadoria e aumenta o preço final pago pelo consumidor. O reflexo na inflação aparece rapidamente”, explica o economista José Pio Martins, reitor da Universidade Positivo.
[O ICMS] é um imposto cobrado de quem produz e vende. Então, vai direto para o custo da mercadoria e aumenta o preço final pago pelo consumidor. O reflexo na inflação aparece rapidamente.
Entre os setores que sentiram os efeitos do reajuste do ICMS está o de reparação automotiva. O principal impacto se deu sobre o preço de peças, que subiram em média 13%, conforme estimativa do Sindicato da Indústria de Reparação de Veículos e Acessórios do Estado do Paraná (Sindirepa). O aumento também foi impulsionado pela revisão na chamada Margem de Valor Agregado, considerada para a incidência do tributo e que neste ano passou de 59% para 71%.
Outro item fortemente impactado pela alta do tributo foi o gás de cozinha. Com a nova alíquota, o Paraná passou a ter, ao lado de Minas Gerais, a maior tributação para o produto: 18%, frente a um intervalo de 12% a 17% em outros estados. Assim, o botijão de gás registrou, em Curitiba e entorno, inflação de 7,35% – sete vezes acima da média nacional (1,05%).
Martins explica que, como o setor produtivo substitui paulatinamente os insumos, a tendência é que o reajuste de ICMS siga impactando os preços. “O efeito dele não se esgota no mês”, alerta.
Remédios e energia
Também contribuiu para a inflação de abril a elevação no preço de medicamentos – o governo federal autorizou, no fim de março, reajustes de 5% a 7,7% em todo o país, conforme a categoria do remédio. Em Curitiba e região, os produtos farmacêuticos subiram 7,87%, a segunda maior elevação entre os itens pesquisados.
Exerceu forte pressão, ainda, o setor de alimentos e bebidas, cujos preços se aceleraram 2,34% na área de Curitiba, frente 0,97% na média do país. O destaque é o item “tubérculos, raízes e legumes”, que teve a alta mais intensa em abril (10,69%) e já acumula elevação de 51,35% no ano – a maior, entre todos os itens pesquisados na cidade. Isso se deve, em certa medida, à sazonalidade, já que os preços se elevam neste período do ano.
A energia elétrica segue sendo uma das maiores responsáveis pela inflação de Curitiba e região neste ano – com elevação de preço acumulada de 49% –, mas perdeu força em abril. A alta do item, que alcançou pico de 32% em março, caiu para 4% no último mês.
Em 4 meses, inflação estoura o centro da meta para todo o ano
- RIO DE JANEIRO
Sob pressão da energia elétrica e dos alimentos, a inflação oficial brasileira superou em apenas quatro meses o centro da meta para 2015. O IPCA acumula alta de 4,56% até abril. O alvo perseguido pelo governo para o ano inteiro é 4,5%, com tolerância de dois pontos percentuais, para cima o para baixo.
A inflação de janeiro a abril é também a mais alta para esse período em mais de uma década. Um avanço maior foi registrado apenas no início de 2003 (6,15%), quando o câmbio disparou com as incertezas do mercado sobre o primeiro governo Lula.
A energia elétrica residencial respondeu por um quarto do aumento do IPCA neste ano. A tarifa subiu 38,12% no período por causa dos reajustes extraordinários autorizados pela Agência Nacional de Energia Elétrica.
No mês passado, o IPCA foi de 0,71%, informou o IBGE nesta sexta-feira (8). O índice foi superior ao do mesmo mês de 2014 (0,67%), mas apontou uma desaceleração sobre março (1,32%). Ainda assim, foi a maior taxa para o mês desde abril de 2011 (0,77%). “Tivemos em abril a primeira taxa do ano abaixo de 1%. A inflação desacelerou, mas não podemos dizer que estamos com nível baixo, de jeito nenhum. Em 12 meses, ainda está na casa dos 8%”, disse Eulina Nunes dos Santos, coordenadora no IBGE.
Em 12 meses, a inflação acumula alta de 8,17% – acima do registrado até março (8,13%) e a maior taxa desde dezembro de 2003 (9,30%).
A inflação desacelerou de março para abril porque houve menor impacto da energia elétrica, embora continue alta e exercendo pressão sobre os preços. Em abril, a energia subiu 1,31%. Em março, a alta havia sido de 22,08%.
Entre os grupos pesquisados pelo IBGE, o de saúde e cuidados pessoais teve a maior alta em abril, de 1,32%. Essa elevação foi puxada pelos preços dos remédios, reajustados anualmente nesse período e que subiram 3,27%.
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