Em meio ao cenário econômico e político turbulento no Brasil, o dólar disparou e fechou ontem em R$ 3,26, a cotação mais alta desde 2 de abril de 2003, no início do governo Lula. A valorização da moeda americana foi de 3,36%, a maior alta porcentual em um dia desde 22 de setembro de 2011. Durante o dia, a moeda chegou a alcançar o pico de R$ 3,28.
A valorização do dólar tem sido registrada em todo o mundo, por causa da percepção de que o Federal Reserve (Fed, o banco central americano) está próximo de iniciar seu processo de elevação de juros. Só que, no Brasil, tem sido amplificada pelas preocupações com o cenário local e também pela ausência do Banco Central nos negócios. As informações que circulavam ontem entre os operadores de câmbio eram de que o governo não tentaria conter a valorização da moeda americana ante o real por entender que parte do movimento é especulativo. O BC, porém, considera que a disparada do dólar é exagerada.
Com esse cenário, o real é a moeda que mais perdeu valor ante o dólar em 2015 até agora. O processo de ajuste da economia, iniciado pelo ministro da Fazenda, Joaquim Levy, a crise entre Planalto e Congresso e a perspectiva de alta de juros nos EUA abriram espaço para um avanço de 22,39% do dólar ante o real no mercado à vista de câmbio internacional (Forex). É o movimento mais intenso entre 47 moedas monitoradas pelo Broadcast.
No fim de janeiro, o dólar iniciou uma escalada ante o real em razão de declarações de Joaquim Levy. No dia 30 daquele mês, o ministro afirmou que não tinha a intenção de manter o câmbio “artificialmente valorizado”. O comentário foi interpretado como uma indicação de que o governo não tinha, de fato, a intenção de continuar segurando as cotações por meio de operações de swaps (equivalente à venda de dólares no mercado futuro).
Crise
De lá pra cá, declarações de autoridades do governo reforçaram essa percepção. Ao mesmo tempo, a Operação Lava Jato, que investiga a Petrobrás, criou uma crise entre o Planalto e o Congresso, colocando em risco o ajustes fiscal defendido pela Fazenda. E os receios de que a nota de crédito do Brasil seja rebaixada se intensificaram, ainda mais depois que a Petrobrás perdeu o grau de investimento dado pela Moody’s.
Essa mistura explosiva fez o real sair da 23.ª posição de maiores perdas ante o dólar no fim de janeiro para a liderança do ranking neste mês. Nem os conflitos armados na Nigéria, com os terroristas do Boko Haram dominando parte do país, fizeram a Naira perder tanto valor. Nem a guerra entre a Rússia e a Ucrânia, com o acréscimo da derrocada dos preços do petróleo neste ano, fizeram o rublo russo perder tanto valor.
Especialistas dizem que o avanço do dólar - conduzido pelos negócios no mercado futuro, o mais líquido - não está ligado apenas à busca de proteção, mas principalmente aos especuladores, que se aproveitam do estresse para puxar as cotações.
STF inicia julgamento que pode ser golpe final contra liberdade de expressão nas redes
Plano pós-golpe previa Bolsonaro, Heleno e Braga Netto no comando, aponta PF
O Marco Civil da Internet e o ativismo judicial do STF contra a liberdade de expressão
Putin repete estratégia de Stalin para enviar tropas norte-coreanas “disfarçadas” para a guerra da Ucrânia
Reforma tributária promete simplificar impostos, mas Congresso tem nós a desatar
Índia cresce mais que a China: será a nova locomotiva do mundo?
Lula quer resgatar velha Petrobras para tocar projetos de interesse do governo
O que esperar do futuro da Petrobras nas mãos da nova presidente; ouça o podcast