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Curitiba – A valorização do real fez com que caísse a participação das pequenas e médias empresas nas exportações brasileiras. Segundo um levantamento feito pela Associação de Comércio Exterior do Brasil (AEB), o peso das companhias com vendas de até US$ 6 milhões passou de 11,94% do total embarcado nos primeiros oito meses de 2004 para 10,02% no mesmo período de 2005. Outro sinal de que a inserção no mercado internacional ficou mais difícil é a redução no número de exportadores. Em agosto do ano passado, 16.465 companhias fecharam negócios com outros países. No mesmo mês de 2005 o número caiu para 16.014.

"A taxa de câmbio é um fator que está tirando competitividade", afirma o vice-presidente da AEB, José Augusto de Castro. Ele explica que o impacto da valorização do real é menor para grandes empresas, em especial as que vendem produtos manufaturados com alto valor agregado. Elas têm mais facilidade para negociar preços, têm contratos com subsidiárias do mesmo grupo (o que permite condições de venda melhores) e, em último caso, têm caixa para exportar com algum prejuízo – fatores que permitiram o aumento nas vendas totais do Brasil, que devem passar de US$ 110 bilhões neste ano.

"O problema é maior para os pequenos e médios porque eles ficam presos a grandes varejistas e distribuidores, com menos chances de impor aumentos de preços", completa Castro. As áreas que mais sofrem com o real forte são as de commodities, que têm preços estipulados pelo mercado, ou as que concorrem com países que não valorizaram suas moedas, como China e Argentina. "O dólar como está causa estragos porque muitos setores ficam impedidos de aumentar preços", diz o secretário executivo da Secretaria de Estado de Indústria e Comércio (Seim), Santiago Gallo.

O empresário Arcelino Cidral da Costa teve um investimento de US$ 1 milhão frustrado pela valorização do real. Ele é sócio de uma empresa de importação e exportação, a Cidral & Cidral, e no início do ano passado decidiu apostar na fabricação de chapas de compensado. Arrendou uma fábrica no município de Tijucas do Sul, no Sul do Paraná, e contratou 98 funcionários. "O preço estava bom com o câmbio a R$ 3. Era um ótimo negócio na época", lembra. Há três meses, Costa foi forçado a fechar a unidade porque não estava cobrindo os custos de produção. Todos os trabalhadores foram dispensados.

O compensado serve como exemplo do impacto do câmbio. O produto tem cotações em dólar estabelecidas no mercado internacional. Hoje, o exportador recebe US$ 315 pelo metro cúbico de chapas de 18 milímetros – o que vale R$ 720 pela cotação de sexta-feira (R$ 2,27 por dólar). "Isso não paga os custos. O dólar precisa chegar perto de R$ 3 para o produtor ter um lucro de 5% ou 6%", calcula o empresário. Além de perder no novo negócio, Costa vê cair o volume de outras exportações feitas por sua empresa. "Há uma retração geral. Os empresários precisam de proteção cambial para não quebrar", afirma.

A Seim ainda não detectou uma queda no número de empresas exportadoras no Paraná. Segundo Santiago Gallo, há um planejamento do governo estadual para inserir novas companhias no mercado internacional, o que poderia amenizar o impacto do câmbio sobre o resultado do estado em 2005. Uma das saídas para os pequenos, segundo Gallo, é apostar em produtos com características especiais. "Eles têm mais chances de aumentar o preço em dólar", explica.

A tendência de concentração do comércio entre os grandes, porém, também é registrada no Paraná. Segundo dados do Ministério do Desenvolvimento (MDIC), os 40 maiores exportadores do estado foram responsáveis por 65,6% das exportações nos primeiros nove meses de 2004. No mesmo período deste ano, essa participação subiu para 68,4%. Isso ocorreu mesmo com as perdas registradas pelas gigantes do setor de grãos, como Coamo e Bunge, que viram minguar o faturamento com a queda no preço da soja.

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