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Rebaixamento compromete mercado e União deve perder receitas de IPOs

Expectativa era que a abertura de capital da BR Distribuidora ocorreria em dezembro | Antonio Cruz/Agência Brasil
Expectativa era que a abertura de capital da BR Distribuidora ocorreria em dezembro (Foto: Antonio Cruz/Agência Brasil)

A perda do grau de investimento pelo Brasil fecha a próxima janela de oportunidade para abertura de capital, principalmente de empresas que têm um braço do governo. As operações eram vistas como recursos certos para diminuir o rombo nas contas públicas. Na prática, a impossibilidade das ofertas de IRB Brasil RE, Caixa Seguridade e BR Distribuidora neste ano levará a União a um esforço adicional na busca de receitas para fechar as contas.

O cenário já não era positivo, mas a decisão da agência Standard & Poor´s (S&P), de colocar o Brasil ao nível especulativo, acaba por azedar ainda mais os ânimos e vai exigir dos bancos de investimento, que já buscavam alternativas, um esforço maior para emplacar ofertas a despeito do ambiente desfavorável. Na realidade, as janelas para abertura de capital neste ano estavam sendo encaradas como fechadas para as captações maiores de companhias privadas.

As três ofertas em curso aconteceriam na esteira do ajuste fiscal, ou seja, com uma força a mais para suas colocações no mercado. Os investidores estavam exigindo um desconto nas avaliações (valuations) antes mesmo do rebaixamento. Se forem mantidas, o preço pode significar uma perda ainda maior de valor para as companhias.

Para o início de outubro, era aguardada a operação do ressegurador IRB Brasil RE, que planejava captar cerca de R$ 3 bilhões. Conversas com investidores tinham sido iniciadas, mas a percepção de executivos do mercado é que, no cenário atual, dificilmente a oferta sairá em um mês e insistir nessa direção pode representar um desconto elevado para o emissor.

“A janela fica mais difícil. Já não seria fácil. O ponto é que insistir em um IPO neste cenário pode provocar uma destruição muito grande de valor”, opina um gestor.

Com o rebaixamento do Brasil por uma agência e a expectativa do mercado de que outras perdas do selo venham a reboque, o entendimento de fontes é de que até mesmo o setor de seguros, com potencial de crescimento do Brasil, seja olhado com receio pelos investidores. “É difícil ter IPO em um cenário com o país abaixo do investment grade em geral não só para players do mercado de seguro. Alguns investidores têm restrições em alocar recursos em países sem grau de investimento e a principal demanda vem de investidores internacionais”, lembra André Gregori, consultor e ex-presidente da seguradora do BTG Pactual.

Além do IRB, ainda eram aguardadas as aberturas de capital da Caixa Seguridade, braço de seguros da Caixa Econômica Federal, e da BR Distribuidora. No caso da seguradora, a possibilidade de a oferta não sair neste ano já existia, após as negociações com os sócios franceses terem emperrado. Depois de ter ofertado R$ 10 bilhões para renovar o contrato de exclusividade, a CNP Assurances, que controla a Caixa Seguridade, demonstrou menos apetite nas discussões sobre a forma de pagamento.

Outra questão que piora o contexto é que no Brasil os IPOs são muito dependentes dos investidores estrangeiros, que na média histórica acabam ficando com cerca de 70% das ações ofertadas.

Para a BR Distribuidora, subsidiária da Petrobras, havia uma expectativa do IPO ocorrer em dezembro. A oferta já era vista com cautela, uma vez que a percepção era de que a companhia precisaria equacionar questões de governança antes da abertura de capital.

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