Em mais um episódio da crise da Toyota, a fabricante japonesa anunciou o recall de quase meio milhão de veículos (movidos a gasolina e eletricidade) do modelo Prius para consertar uma falha no sistema de freio. Do total de 437 mil veículos que apresentam danos, cerca de 223 mil estão no Japão. Outros 155 mil, nos EUA e outros 53 mil, na Europa. Não há veículos brasileiros incluídos na operação. O anúncio do recall do Prius ocorre após uma série de defeitos em veículos da Toyota e que já afetaram mais de 8,5 milhões de carros da montadora.O maior recall da história já tem impactos sobre a marca Toyota, que no ano passado conquistou a liderança global na produção de veículos da norte-americana General Motors (GM), que ocupava a posição há mais de sete décadas. Segundo Guido Vildozo, analista do setor da IHS Global Insight, a repercussão negativa será maior entre os consumidores que compraram pela primeira vez um carro da montadora japonesa. "A marca tem seguidores fiéis e o que se espera é que, passados alguns meses desse episódio, eles continuem a seguir a marca. A dúvida é o que acontece com os novos consumidores, aqueles que adquiriram pela primeira vez um veículo da empresa", disse.
O Prius, um modelo híbrido, está no centro de uma campanha em que a Toyota se mostra uma empresa ambientalmente responsável e mais avançada do que as rivais. Desde 1997, a empresa já vendeu 1,2 milhão de carros desse modelo no mundo todo. Um carro híbrido possui mais de um propulsor na prática, esse tipo de automóvel tem um motor elétrico e outro a combustão. Com isso, emite menos CO2 que os modelos tradicionais. No ano passado, foi o terceiro na lista de vendas da Toyota, atrás apenas do Camry e do Corolla.
Demora
Um dos principais problemas desde o início dessa crise da empresa foi a demora dos executivos para apresentar resposta satisfatória aos consumidores. A percepção geral, segundo analistas, é que a empresa, que construiu imagem de eficiência, não soube lidar com os defeitos. Nesta semana, os executivos da Toyota iniciaram uma ofensiva para diminuir o impacto negativo dos recalls.
"Eu peço desculpas pela preocupação e inconveniência que causamos aos nossos clientes. Nós vamos redobrar nosso compromisso com a qualidade. Juntos, vamos fazer tudo para reconquistar a confiança dos consumidores", afirmou o presidente da Toyota, Akio Toyoda. Segundo ele, o problema no freio foi resultado de uma falha de software e o conserto do carro dura em média 40 minutos.
Na semana passada, a National Highway Traffic Safety Administration, órgão responsável pela segurança nas estradas dos Estados Unidos, abriu uma investigação sobre o Prius em resposta a queixas de consumidores sobre dificuldades para frear. Foram feitas 124 reclamações, incluindo quatro relatórios com batidas. O presidente da Toyota testemunharia hoje em uma comissão na Câmara dos Representantes, em Washington, mas o evento foi adiado.
Detroit
Enquanto a crise na montadora japonesa se agrava, as fabricantes de Detroit tentam conquistar os clientes da rival. Elas estão oferecendo incentivos para os donos de veículos da Toyota. A GM foi a primeira a oferecer esse tipo de medida, com incentivos como taxa zero de financiamento por 60 meses e mais US$ 1 mil de volta em uma compra. A Ford e a Chrysler seguiram o exemplo.
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