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O que muitos suspeitavam, os números comprovaram: o valor arrecadado em tarifas por sete dos maiores bancos do país representa mais do que o orçamento de 26 estados do país. O levantamento, feito pelo Sindicato dos Bancários de São Paulo, Osasco e região, avaliou as tarifas cobradas pelo Banco do Brasil, Bradesco, Caixa Econômica, Itaú, Unibanco, Santander Banespa e Nossa Caixa, e mostrou que, em 2005, os clientes desses bancos pagaram R$ 31 bilhões pela prestação de serviços. Entre os estados brasileiros, apenas São Paulo tem orçamento maior: R$ 65 bilhões, em 2004. O Rio de Janeiro, por exemplo, teve orçamento de R$ 27 bilhões, segundo dados do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea).

Esse total de R$ 31 bilhões arrecadado pelos sete bancos é igual à soma das despesas orçamentárias de 12 estados: Amapá, Acre, Alagoas, Maranhão, Mato Grosso do Sul, Piauí, Paraíba, Roraima, Rondônia, Rio Grande do Norte, Sergipe e Tocantins. A receita de todos esses estados, juntos, somam R$ 28,823, verba com a qual financiam saúde, educação, transporte e saneamento, entre outras despesas.

- Mal comparando, é impossível deixar de pensar que os bancos arrecadam tanto e prestam cada vez menos serviços - diz o presidente do Sindicato dos Bancários de SP, Luiz Cláudio Marcolino.

Atualmente, 40% da arrecadação geral dos bancos vem da receita de prestação de serviços, como talão de cheques, transferências e extratos. São mais de 70 itens regulamentados pelo Banco Central, pelos quais as instituições financeiras podem cobrar tarifas.

- Desde 1994, quando foi liberada a cobrança de tarifas, os bancos vêm aumentando sua arrecadação com base numa exploração que não faz sentido e precisa ser coibida - acusa Marcolino.

Em 1994, os 11 maiores bancos tiveram uma renda de R$ 4,063 bi com tarifas. Com o passar dos anos, isso foi aumentando até chegar aos R$ 28 bi em 2004. Uma alta de 661,71%, sem contar ainda o total arrecadado em 2005.

- Cada vez mais os bancos afugentam os clientes das agências, empurrando-os para o auto-atendimento ou para a mais nova modalidade, os correspondentes bancários. E os cidadãos ainda pagam por isso. Por outro lado, os banqueiros exigem cada vez mais dos bancários, transformando a categoria numa das mais pressionadas e sofridas - lembra Marcolino.

Em notas de R$ 10, esticadas uma a uma, o que os sete maiores bancos do Brasil arrecadaram com tarifas em 2005, daria para chegar até a Lua. Ou, os R$ 30,955 bilhões cobrados pela prestação de serviços nesses bancos, também dariam a volta no planeta Terra por pelo menos 10 vezes. Da Terra até a Lua, são 384 mil quilômetros. Já a circunferência da Terra tem mais de 40 mil quilômetros.

- A gente sempre diz que essa arrecadação é astronômica, sem imaginar que o termo é tão realista - diz o presidente do Sindicato dos Bancários de São Paulo.

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