A alta recente do dólar é generalizada e o real tem uma desvalorização em linha com as demais moedas. A avaliação foi feita pelo presidente do Banco Central, Alexandre Tombini, durante palestra ao Grupo de Líderes Empresariais (Lide) na tarde desta segunda-feira (21), na capital paulista. Desde a terça-feira passada, a moeda norte-americana passou a oscilar na marca de R$ 2,00.
Tombini avisou que a autoridade monetária vai atuar no mercado de câmbio sempre que necessário. O governo, frisou, tem instrumentos para que o câmbio "funcione dentro da normalidade". Não citou, contudo, qualquer cotação "ideal" para a paridade do real frente ao dólar. Restringiu-se a afirmar que, em um cenário de crise internacional, o câmbio flutuante é a primeira linha de defesa do BC.
Para o executivo, o repasse da alta do dólar para a inflação vem recuando nos últimos anos. De acordo com ele, no curto prazo, o repasse tem ficado em torno de 3% e, no médio, 8%. Tombini ponderou que um repique na inflação depende muito do momento econômico e, atualmente, acredita que "o repasse será moderado".
Depois da palestra, na fase de perguntas e respostas, ele descartou que haja no governo a intenção de alterar o regime de metas inflacionárias. "Não se estuda alterar o regime, nem no final deste mês, no final do ano e nem no próximo." O sistema estipula inflação de 4,5% para este ano, com faixa de flutuação de dois pontos porcentuais.
Otimismo
O presidente do BC mostrou otimismo com os cenários internos de médio prazo. Ele falou do crescimento da inadimplência do consumidor principalmente no setor de veículos, mas ponderou que "deverá ter uma redução global no segundo semestre". Ele informou também que dados apontam para um aumento do crédito ao consumidor. "É necessário um cuidado para que os incentivos ao crédito sejam corretos", alertou.
Tombini disse que o crédito responde atualmente por 50% do Produto Interno Brasileiro (PIB) e pode se expandir em bases mais sólidas com a diminuição do spread (denominação para a diferença das taxas de juros entre o dinheiro obtido pelos bancos e as taxas que as instituições fixam para emprestar).
Segundo ele, as taxas de empréstimo ao público não seguiram inicialmente a baixa de 3,50 pontos porcentuais da taxa Selic, referência do juro básico. "Mas, nas últimas semanas, houve uma queda dessas taxas ao tomador final."
Quanto ao crescimento do país, Tombini vê uma progressividade ao longo do segundo semestre. Para ele, o Brasil deverá criar 1,4 milhão de empregos ao ano. "Mas certamente a economia brasileira crescerá mais em 2013 do que em 2012."
O discurso de Tombini endossa o relatório de revisão do Orçamento de 2012, divulgado na sexta-feira (18) pela Secretaria de Política Econômica. O documento observou que "o crescimento da economia brasileira deve acelerar de forma mais intensa nos próximos trimestres, como resultado da redução na taxa básica de juros, da elevação da oferta de crédito pelos bancos públicos e das medidas de competitividade anunciadas no Plano Brasil Maior".
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